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29 May 2020 -
MASP online / São Paulo, Brazil
Luiz Zerbini, A Primeira Missa, 2014. Foto: Jaime Acioli
Na sexta, dia 29, das 11h às 15h30, o MASP apresentará o primeiro seminário de um projeto extenso que antecipa o ciclo curatorial de 2022, que será dedicado às Histórias da Brasil.
O programa terá falas de Sandra Benites, pesquisadora e curadora adjunta de arte brasileira do MASP, Moacir dos Anjos, pesquisador e curador da Fundação Joaquim Nabuco, Lilia Schwarcz, professora titular do Departamento de Antropologia da USP e curadora adjunta de histórias do MASP, Heloisa Murgel Starling, professora de História do Brasil da UFMG, e Tom Farias, jornalista, escritor e pesquisador. A mediação será de Isabella Rjeille, curadora no MASP, e Amanda Carneiro, curadora assistente no museu.
O evento pretende apresentar e discutir algumas das complexidades de episódios históricos sociais e políticos no país, como também práticas curatoriais e artísticas que lidam com legados dessas histórias por meio de obras e exposições. A organização é de Adriano Pedrosa, André Mesquita, curador no museu, e Lilia Schwarcz.
Programa 11h – 11h10 INTRODUÇÃO ADRIANO PEDROSA, diretor artístico, MASP
11h10-12h30 SANDRA BENITES Histórias silenciadas Apresentação sobre a história do Brasil contada a partir da perspectiva indígena e abordada desde a invasão colonial, procurando trazer falas de pessoas mais antigas que os colonizadores. Pessoas que foram sempre silenciadas, que tiveram sua história negada e que nunca tiveram voz em um espaço como, por exemplo, um seminário desse tipo. Na perspectiva Guarani, contam-se as histórias dividindo-as em tempo antigo e tempo novo. É importante refletir sobre como aprender essas histórias a partir do conhecimento indígena, e saber como os indígenas compreendem a si próprios a partir desse conhecimento.
MOACIR DOS ANJOS Curadoria, representação e distribuição de corpos no Brasil Entendida como prática de representação parcial e provisória de um real inapreensível como totalidade, a curadoria contribui para tornar visíveis e inteligíveis certos assuntos e gentes, deixando outros forçosamente à margem. Por meio desses recortes – feitos de articulações específicas entre obras diversas –, reafirma ou contesta o modo como, a cada momento, os corpos que habitam um certo território se distribuem no espaço. O modo como, em função de marcadores diversos de diferença social, corpos ocupam, desigualmente, lugares de moradia, lazer e trabalho. Vinculada ao campo do sensível, a curadoria é prática também implicada, portanto, no contexto histórico-político em que se insere, seja por ignorar violências antigas rotineiramente atualizadas ou, ao contrário, por contribuir para que se imagine e se construa, em um tempo que ainda vem, uma distribuição de corpos mais igualitária no Brasil. O argumento será apoiado em projetos curatoriais recentes do palestrante.
Mediação: Isabella Rjeille, curadora, MASP
14H-15H30 LILIA MORITZ SCHWARCZ “No Ceará não se embarcam escravos”. A Revolta dos Jangadeiros de 1884 como convenção visual da luta por liberdade A Revolta dos Jangadeiros, ocorrida no Ceará no ano de 1884, converteu-se num marco simbólico da luta pela liberdade no Brasil. Sob o slogan de “no Ceará não se embarcam escravos”, os jangadeiros, liderados, entre outros, por Francisco José do Nascimento, passaram a impedir que cativos deixassem a Província, bloqueando o porto de Fortaleza. O evento expandiu-se e fez com que o Ceará abolisse a escravidão quatro anos antes do restante do país. Essa apresentação procurará mostrar como, em sua época, mas também contemporaneamente, o acontecimento foi recuperado nas artes, transformando-se numa espécie de convenção visual da luta dos negros e negras por direitos e igualdade.
HELOISA MURGEL STARLING Canudos: a República renegada pela República A história: por qual razão a República moveu uma guerra contra Canudos? O lugar em que essa história aconteceu: um ponto extremo da geografia nacional. O Brasil surge nesse cenário em que se descobre o Sertão, talvez a marca mais antiga e perdida de nossa identidade de brasileiros.
TOM FARIAS João Cândido: o homem que parou o Brasil Panorama sobre a vida do marinheiro João Cândido (1880-1969), sua histórica participação na insurreição dos marinheiros de novembro de 1910, conhecida como Revolta da Chibata, que resultou em mudanças na estrutura da Marinha de Guerra brasileira, em especial, com fim do castigo da chibata, que humilhava negros, desde os tempos da escravidão. Será discutida a trajetória desse filho de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, da entrada na Marinha à expulsão, em 1912, retratando também um pouco da sua infância, da escravidão no Brasil Império, da sua família e dos seus pais, que foram escravos. Por último, será feita uma atualização de seus feitos após a saída da Marinha de Guerra, sua luta pela sobrevivência, a anistia e sua volta à Marinha, de onde saiu como o “Almirante Negro” da esquadra revoltada.
Mediação: Amanda Carneiro, curadora assistente, MASP
O seminário será transmitido gratuitamente por meio dos perfis do MASP no Facebook, no YouTube e terá tradução em libras.
masp.org.br