Conferencias
12 noviembre 2018 - 12 noviembre 2018
MASP / São Paulo, Brasil
Foto: Divulgação
Histórias feministas, Mulheres radicais, seminário organizado em parceria com a Pinacoteca de São Paulo, dá continuidade a um primeiro realizado no MASP, em fevereiro de 2018, que contou com apresentações de artistas, pesquisadoras, ativistas e curadoras.
Este segundo seminário será um fórum para que artistas, curadoras e teóricas abordem os principais tópicos em relação ao feminismo e à arte, gerando novas reflexões sobre a mostra Mulheres radicais: arte latino-americana, 1960-1985 que acontece paralelamente na Pinacoteca de São Paulo, e cujo assunto vai ao encontro do projeto curatorial do MASP para 2019.
O seminário ainda faz parte da pesquisa para a exposição Histórias das mulheres, histórias feministas, prevista para acontecer entre agosto e novembro de 2019 no MASP. A exposição se divide em duas partes: Histórias das mulheres, que incluirá obras de diversos territórios, estilos e gêneros pictóricos, do século 16 ao final do século 19, e Histórias feministas, que reunirá artistas de diferentes nacionalidades que trabalham no século 21 em torno de ideias feministas ou em resposta a elas.
O seminário integra a programação pública da exposição Mulheres radicais: arte latino-americana, 1960-1985 [Radical Women: Latin American Art, 1960–1985], com curadoria de Cecilia Fajardo-Hill e Andrea Giunta e organização do Hammer Museum de Los Angeles, em cartaz na Pinacoteca de São Paulo até 19 de novembro.
Organização: Adriano Pedrosa, André Mesquita, Isabella Rjeille e Jochen Volz.
Programa 10h Introdução com Adriano Pedrosa e Jochen Volz.
10h30 – 12h30 ANDREA GIUNTA | Mulheres Radicais, uma perspectiva interseccional Nesta apresentação vou analisar Mulheres Radicais, uma exposição de artistas latino-americanas e latinxs de 1960 a 1985. Enquanto parte do que era o mundo da arte, e em grande parte é – patriarcal, racista e clasista –, essa exposição subverte a visão patriarcal, substituída aqui por uma perspectiva feminina e feminista. Uma autoria de artistas mulheres predominantemente brancas persiste. No entanto, a agenda da exposição vai além dessas aparências. As questões de raça e dissidência sexual são abordadas em diferentes trabalhos, considerando perspectivas que podem ser compreendidas a partir de uma posição crítica em relação aos parâmetros das sociedades regimentadas da América Latina, cujo ideal normativo era branco e heterossexual. Sociedades em que algumas mulheres conseguiram recentemente o direito de votar e eram, como outros setores da sociedade, sujeitas à repressão, censura, prisão e tortura.
EUGENIA VARGAS PEREIRA | Relatos para uma conversa feminista Nesta apresentação falarei da minha experiência como mulher e artista no mundo dos fotógrafos nos anos 1980 a partir de minhas obras presentes na exposição Mulheres Radicais. O que significou ser feminista naquela década? Qual foi a reação do mundo da arte? Irei falar sobre como a inclusão do corpo em meu trabalho trouxe marcas de memórias e experiências acumuladas ao longo do tempo.
JANET TORO | Limites, criatividade e resistência Mostrarei performances e instalações feitas entre 1990 e 2017 no Chile e na Alemanha. Os trabalhos apresentados são uma resposta às realidades extremas que vivi, em que os limites, tanto sociais e políticos quanto econômicos, demarcaram um território restritivo. Minha produção é uma resposta a esses contextos. A criatividade unida à imaginação vai além, aproximando o conhecimento e questionando as fronteiras da contingência com gestos mínimos, com trabalhos radicais. São sinais de resistência cujas arestas também vislumbram a poesia.
14h – 16h
ELKE KRASNY | Reunindo feministas rebeldes: encontros, jantares, salões e tribunais O trabalho curatorial pode ser entendido como um trabalho de coleta que reúne criaturas não-humanas e humanas. Ao passo que a escrita da história da curadoria, incluindo histórias feministas críticas dessa atividade, privilegiou em grande medida o formato expositivo, esta apresentação se concentra em reuniões sociais, culturais e ativistas. Através de uma abordagem trans-histórica, a fala incluirá principalmente os seguintes exemplos: a cultura judaica de salões em fins do século 18 e início do 19; a cultura de salões lésbicos e transraciais organizados por mulheres do movimento da Negritude no início do século 20; o ativismo cultural, social e político durante a Década da Mulher das Nações Unidas, de 1975 a 1985, destacando o Tribunal Internacional de Crimes contra Mulheres e a International Dinner Party, de Suzanne Lacy; o ativismo em arte no início do século 21, particularmente no coletivo Black Women Artists for Black Lives Matter, iniciado por Simone Leigh, e Guess Who’s Coming for Dinner, Too?, de Patricia Kaersenhout. A análise combina o materialismo da história da arte e o pensamento político para extrair o modo como esses encontros curatoriais praticam a resistência feminista.
RENATA BITTENCOURT | Radicalidade negra Esta apresentação propõe ampliar as reflexões propiciadas pela exposição Mulheres radicais: arte latino-americana, 1960-1985, enfocando a produção de artistas afro-americanas. Nomes como os de Adrian Piper, Senga Nengudi, Lorraine O’Grady e Howardena Pindell são representativos das mulheres negras que abordaram questões relacionadas a gênero e etnicidade de maneira crítica em suas obras.
KATY DEEPWELL | Sobre a presença e a política de uma dinâmica local/global na arte e no feminismo contemporâneos Onde a atividade feminista fica manifesta na arte contemporânea? Como ela pode existir de modo intensamente local e, ao mesmo tempo, ter alcance global? Será que o feminismo só é visível de uma única forma nas arenas de trocas cosmopolitas e internacionais (exposições blockbuster, bienal de arte, publicação especializada)? Será que é visto apenas através de determinados tópicos, questões ou ideias? Onde os modelos de estudos nacionais ou regionais na história da arte e da crítica encontram a realidade e a multiplicidade das produções, redes e trocas transnacionais de mulheres artistas? Será que o feminismo só pode ser identificado em noções de transmissão e envolvimento através de histórias, genealogias e trajetórias ou será que ele permanece vago e sem registro, “perdido por aí”? Ou será ainda que o feminismo sempre é “recuperado” e “construído” depois do fato? O feminismo é limitado ao ser “desvelado” somente em trabalhos importantes de determinadas artistas ou será que sua presença ao longo de diversas formas e locais só vem a ser entendida quando muitas atividades, eventos, exposições e publicações em grupo são reconhecidas?
16h30 – 18h
JUDY CHICAGO | Lembrando The Dinner Party Em outubro de 2017, a exposição intitulada Roots of The Dinner Party: History in the Making foi aberta nas galerias do Elizabeth A. Sackler Center for Feminist Art, no Brooklyn Museum, onde The Dinner Party ficou instalada permanentemente em 2007. Em conjunto com essa exposição, o National Museum of Women in the Arts, em Washington D.C., abriu uma mostra menor, Inside the Dinner Party Studio, que explorou meus métodos colaborativos. A apresentação examinará essas duas exposições e olhará para a jornada de minha pesquisa inicial no que era então uma história desconhecida de mulheres na civilização ocidental para o cumprimento do meu objetivo de instalação permanente. Também discutirei o impacto contínuo de The Dinner Party, vista por um milhão de pessoas durante sua turnê mundial, de 1979 a 1988, e que já atraiu um milhão e meio de pessoas desde sua permanência no Brooklyn Museum.
MAURA REILLY | Ativismo curatorial: resistindo ao sexismo e ao masculinismo “Ativismo curatorial” é um termo que uso para designar a prática de organizar exposições de arte com o objetivo principal de garantir que determinados agrupamentos de artistas não sejam mais compostos como guetos ou excluídos das narrativas centrais da arte. Trata-se de uma prática que se compromete com iniciativas anti-hegemônicas que deem espaço de voz àqueles que foram historicamente silenciados ou omitidos como um todo – e, como tal, se concentra exclusivamente em trabalhos produzidos por mulheres, artistas de cor, nomes não euroamericanos e/ou artistas queer. Nesta apresentação, focalizarei na importância e na mini-historiografia de projetos curatoriais ativistas que resistem ao sexismo e ao masculinismo, além de explorar estatísticas atuais que substanciam a necessidade urgente de uma reavaliação da prática curatorial.
INSCRIÇÕES GRATUITAS NO DIA DO EVENTO
A retirada de ingressos será realizada duas horas antes do início do seminário, na bilheteria do museu. Para receber o certificado, é necessário o cadastro de e-mail, nome completo e a apresentação de um documento oficial no dia do evento. O certificado será enviado posteriormente para o e-mail cadastrado.
Mais informações estão disponíveis aqui.
masp.org.br