Exposiciones
03 septiembre 2019 - 17 noviembre 2019
Sesc Santana / São Paulo, Brasil
Pontes sobre abismos, de Aline Motta.
Os trabalhos de arte apresentados na exposição Raiz, Memória e Humanidade tratam da construção da identidade, tanto individual como coletiva, a partir de quatro eixos de investigação: a ancestralidade, a memória, a experiência de alteridade e o pertencimento.
O ciclo é a segunda parte de uma trilogia inspirada pela obra «Os Sertões», de Euclides da Cunha, famoso relato publicado no início do século 20 sobre a Guerra de Canudos, quando o autor era correspondente do jornal O Estado de São Paulo. Dividido em três grandes blocos – a Terra, o Homem e a Luta – o livro se tornou um clássico e é referência para gerações de escritores desde sua publicação.
O primeiro ciclo desta trilogia de exposições foi inspirado por «A Terra». Sob o título «Terra, Propriedade e Sociedade» ocupou os espaços expositivos no primeiro semestre. O atual faz referência a «O Homem» e o último, a ser realizado no primeiro semestre de 2020, deve tratar de «A Luta».
O conjunto expositivo em cartaz é composto por quatro módulos: Fábula do olhar, de Virginia Medeiros (com intervenções de Mestre Julio Santos); Nazaré do Mocajuba, de Alexandre Sequeira; Pontes sobre abismos, de Aline Motta; e Pertencença, com trabalhos de Maurício Pokemon, Gê Viana e Rafael Ribeiro.
Fábula do olhar, de Virginia Medeiros (com intervenções de Mestre Julio Santos) Como uma espécie de artista etnográfica, Virginia de Medeiros, no período de um mês e meio, instalou um estúdio fotográfico em dois refeitórios destinados a moradores de rua na cidade de Fortaleza. A artista retratou 21 moradores de rua numa série fotográfica em preto-e-branco, colheu depoimentos em vídeo sobre a história pessoal de cada um dos colaboradores e fez uma pergunta-chave que direciona e identifica a natureza da obra: Como você gostaria de se ver ou ser visto pela sociedade? Esta questão abre o campo de subjetividade dos indivíduos retratado que, fabulando sua condição, se fazem personagens da obra «Fábula do Olhar». O momento da fabulação é esse, quando a diferença entre aquilo que é real e aquilo que é imaginado se torna indiscernível, quando por esse processo o indivíduo se constitui como um sujeito da cena e não como um mero objeto que é observado: criar um mundo, nele crer e se projetar. A artista convidou o fotopintor Mestre Julio Santos que, através da técnica da fotopintura digital, coloriu os retratos em preto-e-branco interferindo nas imagens de acordo com as revelações dos moradores de rua. Como resultado temos uma imagem-fabulosa que coloca em ação este jogo inelutável entre o real e o imaginário. Cada fotopintura é acompanhada por um texto literário, no qual o morador de rua se apresenta, fala do que é viver em situação de rua e faz a encomenda de sua representação.
Pontes sobre abismos, de Aline Motta Instigada pela revelação de um segredo de família, Aline partiu em uma jornada à procura de vestígios de seus antepassados. Ela viajou para áreas rurais no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, Portugal e Serra Leoa, pesquisando em arquivos públicos e privados e, ao mesmo tempo, criando uma contra-narrativa do que geralmente se conta sobre a forma como as famílias brasileiras foram formadas. Com base em suas experiências pessoais, o trabalho pretende discutir questões como o racismo, as formas usuais de representação, a noção de pertencimento e identidade em uma sociedade que ainda tenta um ajuste de contas com sua história violenta e as noções românticas de sua louvada miscigenação.
Nazaré do Mocajuba, de Alexandre Sequeira Pesquisa desenvolvida nos anos de 2004 e 2005 no pequeno vilarejo de mesmo nome, localizado no município de Curuçá, no nordeste do Estado do Pará, na Amazônia brasileira. A partir da realização de serviços fotográficos solicitados pelos locais, como fotos para documentos ou de registros familiares, Alexandre é acolhido como um retratista da pequena vila e passa então a propor a troca de objetos pessoais, como cortinas, toalhas de mesa, lençóis ou redes, reproduzindo sobre eles a imagem de cada dono em tamanho real.
Pertencença, de Mauricio Pokemon, Gê Viana e Rafael Ribeiro Pertencer e as formas de pertencimento definem o que somos. Três artistas e trabalhos de fotografia que tem em comum o deslocamento de histórias, personagens e seus territórios. As imagens dialogam com o fotojornalismo político ao apresentar realidades como a higienização social em curso na Av. Boa Esperança – em Teresina (PI) – por Mauricio Pokemon com o projeto Existência; os indígenas urbanos, o apagamento das identidades e das origens – em São Luis (MA) – por Gê Vianna em Paridade; e a rua e a diversidade de seus habitantes, no bairro do Bom Retiro – em São Paulo – por Rafael Ribeiro com o trabalho Rua Guarani.
Sesc Santana Avenida Luiz Dumont Villares, 579, Santana. São Paulo/SP Visitação: terça a domingo, das 10h ÀS 19h.
www.sescsp.org.br