Exibições
07 Fevereiro 2019 - 24 Março 2019
MASP / São Paulo, Brasil
Jenn Nkiru, REBIRTH IS NECESSARY, 2017. Foto: Divulgação.
Está em exibição, na Sala de Vídeo do MASP, REBIRTH IS NECESSARY (2017, 10min38seg, 8mm, 35mm, digital), vídeo da cineasta anglo-nigeriana Jenn Nkiru, vencedor no ano passado da categoria Melhor Curta Documentário do Festival de Cinema Independente de Londres e da categoria Melhor Curta de Arte do prêmio Voice of a Woman, em Cannes.
A obra, uma colagem de trechos de vídeos de diversos autores e épocas, fala sobre a experiência negra no mundo e a necessidade de discuti-la e reinventá-la.
REBIRTH IS NECESSARY [Renascimento é necessário] (2017) é um vídeo de estilo ágil e de grande apelo visual, que agrupa imagens de arquivo, trechos de outros filmes e músicas. O trabalho, influenciado pelo cinema africano e diaspórico, em especial pelo afrofuturismo, apresenta uma visão exuberante sobre a negritude e as formas de resistência política e cultural.
O afrofuturismo foi um movimento estético e intelectual que emergiu no final da década de 1960 em um contexto de luta antirracista e pelos direitos civis nos Estados Unidos. Com narrativas de ficção científica, que projetavam a África e seus descendentes a um nível elevado de desenvolvimento tecnológico e social, o afrofuturismo, ainda hoje, pode ser identificado por características como o realismo, a fantasia, as formas de pensar não ocidentais e as referências à arte africana e diaspórica.
A escravidão obrigou milhares de africanas e africanos a abandonar seus territórios, práticas religiosas e culturais. Essa experiência além-mar foi comparada por diversos teóricos a um processo de abdução, em que corpos negros, sobrevivendo à imposição violenta e à desterritorialização, seriam como extraterrestres em uma nova cultura. Tal comparação, que soa tão cruel quanto curiosa, permitiu que intelectuais, artistas e ativistas – como o jazzista Sun Ra (1914-1993), a escritora Octavia E. Butler (1947-2006) e George Clinton, líder das bandas Parliament e Funkadelic – encontrassem argumentos estruturais para contrapor o silenciamento que a escravidão impôs.
Por sua vez, o legado da escravidão usurpou o direito à memória e à individualidade, mas não silenciou o ímpeto de negras e negros de reaverem seu protagonismo histórico e retomarem suas ancestralidades. Desta forma, o vídeo de Nkiru atualiza a mensagem afrofuturista: o negro é passado, presente e futuro, e é por isso que a resistência é também uma forma de se renascer.
Ao longo de 2019, os vídeos aqui apresentados integram o ciclo de Histórias das mulheres, histórias feministas do MASP. O programa destaca a produção de mulheres artistas, de diferentes nacionalidades, gerações e origens, com o objetivo de promover discussões sobre feminismos e representatividade no campo das artes.
Sala de vídeo: Jenn Nkiru tem curadoria de Horrana de Kássia Santoz, assistente de mediação e programas públicos do MASP.
MASP Av. Paulista, 1578. 01310-200 São Paulo, Brasil Visitação: Terças, das 10h às 20h. Quarta a domingo, das 10h às 18h.
masp.org.br