Concebida como uma polifonia de vozes e visões a partir da produção artística contemporânea, a 34ª Bienal de São Paulo – intitulada Faz escuro mas eu canto – pretende reivindicar o direito à complexidade e à opacidade, tanto das expressões da arte e da cultura quanto das próprias identidades de sujeitos e grupos sociais. Para tanto, a mostra adota um novo formato que propõe criar uma multiplicidade de situações nas quais se possa se dar o encontro entre obras de arte e público. Com esta estratégia, a equipe curatorial, formada por Jacopo Crivelli Visconti, Paulo Miyada, Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez, salienta o quanto as interpretações e significações atribuídas às obras são elásticas e influenciadas, entre outros fatores, pelos diálogos possíveis com os trabalhos exibidos ao seu redor.
Além de se alongar no tempo, com a realização de mostras individuais e eventos performáticos no Pavilhão da Bienal já a partir de 8 de fevereiro, a 34ª Bienal também se expande no espaço, ao trabalhar com 25 instituições da cidade de São Paulo. A ampla rede de parcerias institucionais da Fundação Bienal será, nesta edição de 2020, aprofundada, passando a englobar, para além das relações institucionais, uma malha de relações artísticas e curatoriais.
Na maior parte dos casos, a parceria consiste em exposições individuais realizadas em instituições da cidade. Essas mostras oferecem ao público uma oportunidade para construir leituras aprofundadas de artistas que participam da grande coletiva que ocupa o Pavilhão da Bienal a partir de setembro — onde os trabalhos se encontram em diálogo com outros artistas e debates. Assim, cerca de um quarto dos artistas que poderão ser vistos na mostra coletiva da 34ª Bienal integram essa rede expositiva, a qual resulta de meses de diálogo entre gestores e curadores dos diferentes espaços, além de curadores convidados. Há, também, casos em que as colaborações assumem outros formatos, como um programa de vídeo e um seminário internacional.
“Localizada no complexo cultural do Parque Ibirapuera e com sua origem entrelaçada com a de outras instituições, como o MAM e o MAC, a Fundação Bienal já nasceu com uma forte vocação para o estabelecimento de conexões. A 34ª Bienal acontece, então, como fruto do encontro e da potencialização mútua entre projeto curadorial e atuação institucional, e pelo reconhecimento de que é preciso, hoje mais do que nunca, ressaltar a importância do diálogo e das relações entre diferentes”, afirma José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação.
A 34ª Bienal se estrutura justamente a partir das múltiplas relações que se instauram entre questões artísticas e institucionais num evento desse porte. “Todos os artistas exibidos nas instituições parceiras também estarão presentes no Pavilhão da Bienal a partir de setembro, mas a experiência do encontro com suas obras por parte dos visitantes, em cada um dos casos, será imensamente diferente. E é nessa multiplicidade de relações possíveis e em constante transformação que esta edição da Bienal encontra um de seus norteadores centrais”, afirma Jacopo Crivelli Visconti, curador geral desta edição.
Paulo Miyada, curador adjunto, complementa: “São Paulo é uma metrópole complexa em que coabitam muitos públicos. Ao mobilizar essa rede de parcerias, a Bienal ganha oportunidade de aproximar-se de outros contextos urbanos e dos públicos que cada instituição cultiva cotidianamente. Os visitantes de espaços muito variados serão instigados a visitar a Bienal para reencontrar a obra de um artista em um diálogo expandido, ou, ao contrário, os visitantes da Bienal poderão se sentir compelidos a conhecer um espaço cultural novo caso desejem um mergulho mais longo na produção de um artista”.
Alguns destaques da programação da rede de instituições parceiras:
Casa do Povo
Noa Eshkol
Curadoria: Benjamin Seroussi e Marília Loureiro
Data: agosto – outubro de 2020
Centro Cultural São Paulo
Jota Mombaça
Data: 29/8 – 31/10/2020
IMS Paulista
Carolina Maria de Jesus (título provisório)
Curadoria: Hélio Menezes e Raquel Barreto
Data: a partir de agosto de 2020
Museu Afro Brasil
Frida Orupabo
Data: setembro – dezembro de 2020
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP)
Trajal Harrell em Histórias da dança
Data: 26/6 – 5/11/2020
Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo)
Jaider Esbell
Data: setembro – dezembro de 2020
Paço das Artes
Seminário Internacional de Arte Contemporânea 2020
Organização: Priscila Arantes e Vinicius Spricigo
Data: 18 e 19/9/2020
Pinacoteca de São Paulo / Estação
Joan Jonas
Curadoria: Berta Sichel
Data: 9/5 – 12/10/2020
Sesc Pompeia
Alfredo Jaar
Curadoria: Moacir dos Anjos
Abertura: 2/9, 20h. Visitação: 3/9/2020 – 24/1/2021
Videobrasil
Programas de vídeo: Acervo Histórico Videobrasil em diálogo
Data: 5/9 – 6/12/2020
Confira a programação completa aqui.
www.bienal.org.br