C&: Se, em 2013, você tivesse colocado o projeto “Panorama”, de Mónica de Miranda, em uma sala anexa à exposição de Edson Chagas “Luanda, cidade enciclopédica”, como isso teria funcionado para você?
PN: É engraçado, nunca tinha pensado nessas duas exposições juntas, mas é um exercício fantástico. Acho que, formalmente, são muito similares na forma como fotografam, muito próximas. Claro, há questões técnicas, de enquadramento, tipo de imagem, tipo de objeto que os artistas escolheram para fotografar. Mas, apesar dos diferentes resultados alcançados, são muito próximas.
Por outro lado, se eu fosse imaginar as duas exposições agora, uma seria a introdução e a outra a conclusão: o tema é recorrente. O que me interessou no trabalho de Edson Chagas, especificamente, foi sua tentativa de reconfigurar o relacionamento com espaços através dos objetos que estão dentro do trabalho; e aqueles que conhecem muitos desses espaços, sabem que eles são coloniais.
Mónica está interessada no momento do confronto, no momento no qual, como espectadores, temos que colocar o dedo na ferida e pensar sobre como saímos daqui, como seguimos em frente. É um trabalho contínuo e uma das minhas obsessões.
Paula Nascimento nasceu em 1981 em Luanda, Angola, onde atualmente vive e trabalha. É arquiteta e curadora com formações na Architectural Association School of Architecture e na Universidade LSB, em Londres. Nascimento colaborou com projetos no Porto e em Londres antes de fundar, com Stefano Pansera, a Beyond Entropy Africa, em 2011 – uma rede de coletivos de pesquisa que atua nos campos de arquitetura, urbanismo, artes visuais e geopolítica.
Adriano Mixinge (Luanda, 1968) é historiador da arte, curador, crítico de arte e, atualmente, gerente executivo do MAAN – Memorial Antonio Agostinho Neto, em Luanda (Angola).
Traduzido do inglês por Soraia Vilela