C&AL: Sua prática está ancorada no desenho, que implica em se concentrar no ato de olhar com cuidado, prolongadamente. Seu projeto La llave / La clave quer precisamente prestar atenção e ler os múltiplos componentes desse mundo que chamamos de “salsa”. Conte-nos um pouco sobre como esse projeto foi sendo desenvolvido.
Tony Cruz Pabón: La llave / La clave começa como uma investigação que tende a tomar formas plásticas, já que parto do olhar como artista. Parece ser outra coisa, diferente dos meus desenhos, mas está em diálogo com o restante dos meus projetos, como os “desenhos das nuvens”, que contêm uma playlist de música.
Há vários anos comecei a guardar imagens de capas de álbuns de salsa e dos gêneros musicais que a antecederam, principalmente entre as décadas de 1950 e 1980. Esse impulso começou como um prazer estético, a partir do qual comecei a ver referências ao mundo da arte. A partir daí, comecei a mostrá-las para amigos e alunos – naquela época eu ainda era professor na Escola de Artes Plásticas e Design de Porto Rico –, e essas apresentações informais acabaram agrupando esse conteúdo no formato de uma palestra. Simultaneamente à análise das capas, faço o mesmo com a música. A abordagem eclética é a mesma, tanto na música quanto na imagem.
La Llave / La clave teve várias manifestações, como palestras, vídeos, escultura e diferentes tipos de publicações. E todas estão em diálogo umas com as outras, como se vê na exposição no Museu de Arte Contemporânea de Porto Rico.
C&AL: Essa combinação é bem explícita na escultura.
TCP: Sim, esse móvel é uma coleção de discos, que fui adquirindo aos poucos. E, para a publicação, fiz os envelopes que contêm os álbuns com uma versão dos tópicos da minha pesquisa e da palestra. Esse trabalho oferece ao público a possibilidade de criar uma playlist analógica e ao vivo.