Biennales
04 August 2023 - 05 November 2023
Bienal das Amazônias / Belém do Pará, Brazil
Detalhe de Bonikta, Kurumin Panankuera. Foto: Divulgação / Bienal das Amazônias
Com um corpo curatorial coletivo e constituído apenas por mulheres – intitulado “Sapukai”, palavra da língua Tupi que pode ser traduzida para o Português como “grito”, “clamor” ou “canto” -, a Bienal das Amazônias abriu as portas para o grande público no dia 4 de agosto. A mostra, cujo tema é “Bubuia: Águas como Fonte de Imaginações e Desejos” reune 121 artistas dos oito países da Pan Amazônia e da Guiana Francesa.
A temática desta primeira edição é inspirada na obra do poeta abaetetubense João de Jesus Paes Loureiro, que defende o conceito do “dibubuísmo” amazônico, uma referência à relação estética e cultural entre as águas e oscorpos que habitam este território.
Os artistas que compõem a mostra foram cuidadosamente selecionados por Sapukai com o intuito de assegurar a representatividade de todos os povos formadores da Pan-Amazônia, conforme explica a curadora Vânia Leal. “A lista foi construída olhando para uma Amazônia profunda, que tem a perspectiva de que não existe uma produção amazônica e sim um rizoma de multifacetadas individualidades. Olhar por este caminho traz um projeto de discussão sobre a Amazônia, que leva em conta atores geopolíticos e suas pluralidades culturais. Meu olhar sobre os percursos curatoriais superou fronteiras legais com um compromisso com o contexto Amazônico”, ressalta.
Já a curadora Keyna Eleison destaca o fato de as obras escolhidas refletirem histórias individuais e coletivas dos artistas, assim como percursos artísticos bastante diversos, o que, por si só, pode representar um convite interessante para o público. “É possível observar como as particularidades das obras conversam entre si. Essa lista de artistas constrói vários movimentos nesse sentido, várias personalidades nesse lugar, então, ela não tem uma definição fixa, está no movimento em si. É uma forma complexa e muito sofisticada de imaginar uma coletividade de trabalhos a serem apresentados num espaço. Não só num espaço como numa cidade, como em todo um território, que não é só um simples território, mas um território marcado pela água”, analisa.
Segundo Vânia, a Bienal aponta caminhos produtivos de artistas que têm experiências não apenas com lugares diferentes, como campos, rios, florestas, mas também com povos diversos e vivências distintas, que envolvem experiências particulares aos povos que habitam as Amazônias. “As características são diversas e ora se aproximam, ora se distanciam, porque os trabalhos dos artistas acontecem no plano individual, mas desdobram-se em visões diversas da cidade, narrativas e culturas populares urbanas que atravessam múltiplas produções identitárias, que são fortalecidas a partir de um olhar de dentro para fora, numa produção simbólica através de linguagens diversas”, detalha.
Para Keyna, a Bienal busca romper com algumas ideias convencionais, embora seja, em essência, uma exposição de arte. “As cosmo-percepções, as soluções e as cosmovisões dos artistas conversam entre si. No entanto, esta é uma exposição que deseja trazer uma não conformidade em relação ao que a gente vê no encontro com a arte, mas, mesmo assim, não deixa de ser uma exposição de arte”, aponta.
1ª Bienal das Amazônias Rua Senador Manoel Barata, 400. Comércio Belém doPará, Amazônia. Brasil Visitação: de terça a sexta, das 9h30 às 19h; aos sábados, de 11h às 20h, e aos domingo de 11h às 18h.
www.bienalamazonias.com.br