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26 November - 29 November 2024
USP
São Paulo, Brazil
Deadline: 10 August 2024
A proposta do Colóquio Internacional Colonialidade, Racialidade, Punição e Reparação nas Américas é divulgar, debater e aprofundar as reflexões sobre as relações entre colonialidade, racialidade, punição e reparação a partir de uma abordagem transnacional e interdisciplinar, o que implica considerar a relação passado-presente e os pontos de aproximação e distanciamento entre as diferentes formações nacionais e americanas. Nos interessa compreender como se formaram os sistemas punitivos nas Américas, a partir de uma experiência compartilhada de colonização e racialização das populações nacionais. O que justifica a escolha desse continente é o passado vinculado ao colonialismo europeu, a presença da escravidão, o trato violento com as populações indígenas e ter sido utilizado como “purgatório das metrópoles”, na expressão da historiadora Laura de Mello e Souza. Nesse sentido, a experiência da plantation escravista, por exemplo no Brasil e nos EUA, mas também em outras regiões das Américas, como nas Antilhas ou no platô das guianas, informou não só as hierarquias raciais, mas o coração do sistema jurídico-penal desses países.
O colóquio oferecerá espaço para a confluência de experiências de luta pelo desencarceramento, que conta hoje com uma agenda nacional bem articulada e consistente do ponto de vista teórico e político. Ao congregar pesquisadores e ativistas de movimentos sociais (Amparar, Nós por Nós, Cooperativa Libertas, Mujeres de Frente, Yo No Fui, etc), o evento promoverá o engajamento político, social e da pesquisa científica interdisciplinar por meio da reunião das mais recentes contribuições para os temas em tela. Por fim, cabe dizer que o colóquio oferecerá espaço para a confluência de experiências de luta pelo desencarceramento, que conta hoje com uma agenda nacional bem articulada e consistente do ponto de vista teórico e político. Junto às famílias, organizações sociais têm se constituído para denunciar as violações promovidas pelo Estado.
O colóquio também pretende trazer à discussão a colonialidade de gênero, com foco nos processos de poder e de subjetivação que são parte decisiva da desumanização dos sujeitos colonizados. Entende-se que esse processo obnubilou a punição dirigida às mulheres racializadas nas sociedades americanas, prevalecendo a tese da subsidiariedade da criminalidade e punição das mulheres nas sociedades modernas (TEIXEIRA, SALLA e JORGE, 2021). A dimensão sobre o controle e a segregação policial dirigidas às mulheres racializadas e empobrecidas em sociedades coloniais e pós-coloniais, em especial as que vivenciaram tanto o sequestro e a escravização (de povos africanos), como o genocídio e o etnocídio de suas populações originárias, remanesce pouco problematizada, bem como seu papel para a compreensão de fenômenos pungentes no presente, como o aumento expressivo do encarceramento feminino nos últimos 20 anos, em escala global.
Mais informações sobre o Colóquio estão disponíveis aqui.
Estão abertas as inscrições para participações em GTs.
GT 12 – A recepção da negritude de artistas e filósofos latinos nos EUA Tatiane de Oliveira Elias (UFSM) Fernando Scherer (UNIVASF)
Resumo: O presente GT aborda a recepção da negritude de artistas e filósofos latinos nos Estados Unidos. Os afro-latinos e afro-caribenhos são 1/4 da população latina residente nos EUA, sendo esse grupo fundamental para compreender a região da América Latina, assim como a sua importância na cultura afro-latina nos Estados Unidos que se disseminou nas artes visuais, teatro, dança, filmes, performance, fotografia, música, nos pensamentos sociais e nos movimentos negros americanos.
Os Estados Unidos são um dos importantes polos que tiveram a recepção de artistas e filósofos afro-latinos, seja por exposições, pesquisas, acervos de museus, palestras, publicações ou porque viveram ou estiveram lá por um curto período; por essas ocasiões, ocorreram encontros entre as culturas afro-latinas e a cultura americana. Os artistas e filósofos latinos trabalharam com questões de identidades, multiculturalismo e negritude. Eles foram estimulados pelo movimento pelos direitos civis liderado por Martin Luter King Jr. pelo fim da segregação racial. Muitos deles analisam criticamente a história, as religiões, a migração, a colonização, tematizam o combate ao racismo e a cultura afro-latina.
Artistas e pensadores afro-latinos que fizeram contribuições notáveis para a coletividade, muitas vezes, são desconsiderados como cidadãos latinos, e até mesmo parte de suas histórias é apagada. Abdias do Nascimento por muitas décadas foi reconhecido apenas na sua atuação política como deputado e senador, apagando-se a sua grande contribuição na área de artes visuais, e sua atuação nos Estados Unidos como professor e artista foi pouco diferenciada, até recentemente em 2022, quando o MASP realizou a maior exposição individual dedicada ao seu trabalho. Pensadores e ativistas como Abdias do Nascimento, Sandra Maria Esteves, Jorge Soto Sanches, e Antonia Pantoja – além de artistas como Maria Magdalena Campos Pons, Patrícia Encarnación, Tiffany Alfonseca, Alexandre Arrechea e Miguel Algarin, que tiveram uma participação direta no combate ao racismo nos Estados Unidos –, através de suas obras artísticas, filosóficas, literárias e formas inovadoras de arte dentro da negritude latina, contribuíram para a formação de novas identidades culturais e novos pensamentos decoloniais. A diversidade de suas obras ilustra a complexidade das experiências, das culturas e identidades dentro desse grupo. Essas obras exploram histórias, tradições, culturas e religiões que foram por muitos séculos negligenciadas.
Os filósofos e artistas afro-latinos abordam em suas temáticas a igualdade de raça e gênero, considerando que a questão da reparação é essencial, e combatem o racismo estrutural, responsável muitas vezes pela invisibilidade desta etnia. Os artistas e pensadores negros latinos lidam com questões de ancestralidade, religião, gênero, empoderamento, escravidão do passado colonial, o papel do negro na sociedade atual, igualdade, diversidade e antirracismo.
É de suma importância o estudo dessa recepção da negritude latina nos Estados Unidos para reescrever a história da arte e o pensamento filosófico, que por muitos séculos excluíram artistas e pensadores negros dos seus principais livros, do ensino e da pesquisa. Convidamos contribuições de estudiosos, cujos trabalhos exploram recepções da negritude nos EUA, repensam os legados do colonialismo, apresentam ou criticam as perspectivas afro-latinas.
Idiomas de trabalho: Português, Espanhol, Inglês e Francês
Os interessados em participar dos GTs deverão enviar um Resumo expandido até dia 10 de agosto de 2024. Os textos deverão conter: título, identificação de autoria, e-mail de contato, filiação (institucionais e/ou movimentos sociais), resumo (contendo de 1500 a 2500 caracteres sem espaço) e referências bibliográficas. Formatação: fonte Times New Roman 12, espaçamento 1,5 cm
Informar se vai participar online ou presencial.
E-mail para envio de trabalhos: tatianeeliasufsm@gmail.com