Ao grande pintor afro-colombiano Heriberto Cogollo, nascido na cidade de Cartagena e residente em Paris, tanto franceses como africanos perguntavam na década de 60: “Quem é você? De onde você vem? ”. Foram essas perguntas que confrontaram o artista com um sentimento de abandono frente à Colômbia, com seu próprio passado histórico-cultural, e que o levaram em seguida a reivindicar uma grande família cultural africana em sua obra.
Quase como resposta a um sentimento como o de Cogollo, a historiadora Luz Adriana Maya Restrepo e o artista Raúl Cristancho Álvarez organizaram em 2013 a exposição ¡Mandinga Sea! África en Antioquia, uma curadoria no Museu de Antioquia, em Medellín, que propôs – segundo o catálogo da mostra – “uma viagem estética e cronológica que parte das costas da África Ocidental e chega a Antioquia, traçando um percurso territorial e artístico do século 16 até hoje”.
O objetivo da exposição era “visibilizar, dignificar, valorizar e difundir os legados da África em Antioquia”, como política cultural contra as formas de discriminação, exclusão e segregação contra descendentes de povos africanos na Colômbia, por meio da seleção de 357 obras. Entre elas se encontram, por exemplo, uma instalação de Fabio Melecio, desenhos de Hernando Tejada, pinturas de Enrique Grau, esculturas de Ana Mercedes Hoyos, aquarelas de viajantes europeus do século 19, tecidos do Grupo de Mulheres da Associação por uma Vida Digna e Solidária de Mampuján, gravuras do próprio Heriberto Cogollo, além de máscaras e objetos cerimoniais da coleção Bertrand do Museu Nacional da Colômbia.
O foco da pesquisa curatorial, dentro da linha de estudos afro-americanos, buscou indagar criticamente as permanências, apropriações, mutações e os intercâmbios dos acervos culturais que os africanos escravizados pelos europeustrouxeram durante o tráfico transatlântico da região compreendida entre as atuais repúblicas do Senegal e de Angola para Nueva Granada, entre 1540 e 1810.