Exposições
26 Junho 2021 - 14 Agosto 2021
Simões de Assis / São Paulo, Brasil
Emanoel Araújo, Tirante, 2018/21. Foto: Divulgação
Emanoel Araujo protagoniza a mostra Cosmogonia dos Símbolos, com trabalhos recentes e históricos, acompanhados por um ensaio crítico assinado pela antropóloga, historiadora e pesquisadora Lília Moritz Schwarcz. O artista – que também atua extensa e intensamente como colecionador, curador, crítico, gestor cultural, cenógrafo, conservador e museólogo – é um nome fundamental na história da arte contemporânea no país, com uma pesquisa singular sobre a identidade e a cultura afro-brasileira.
Araujo nasceu em Santo Amaro da Purificação, em uma tradicional família de ourives, estudando também artes gráficas na Imprensa Oficial local. Ainda jovem, começou a desenvolver seus primeiros trabalhos, a aprender marcenaria e linotipia, realizando sua primeira individual em 1959. Na década de 1960, Araujo mudou-se para Salvador para estudar na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde estudou gravura. Dali em diante, trilhou uma carreira brilhante, com uma obra coesa que pensa e repensa a reestruturação do universo da arte e da cultura negra, enfatizada em seus trabalhos por meio de formas e volumes geométricos aliados a contrastes acirrados, ângulos marcados e cores fortes.
Cosmogonia dos Símbolos apresenta três diferentes séries de Araujo: Orixás, Relevos e Navios. A mostra estabelece um diálogo com quatro pinturas de outro artista baiano: Rubem Valentim, que deixou parte de seu legado a Emanoel. Assim, algumas obras inacabadas de Valentim foram incorporadas a trabalhos da série Orixás – esculturas totêmicas de parede que articulam diferentes elementos incorporados e apropriados, como espelhos, conchas, miçangas, fotografias e objetos, para além das telas de Valentim.
Esses são trabalhos que contam com uma escala monumental, imponente, e que erguem-se em planos geométricos cheios de movimento, laqueados por cores vibrantes. Os totens são ladeados por outras pinturas históricas de Valentim que pontuam o espaço expositivo, reverberando essas mesmas formas e cores em composições mais sintéticas e mínimas, o que contribui para uma ampliação do potente diálogo entre os dois artistas, intensificado com esse pareamento.
Por entre os orixás apresenta-se também “Navio”, obra que integra um grande conjunto de trabalhos que lidam com a questão histórica dos navios negreiros. Essas embarcações, segundo Schwarcz, “representaram um símbolo maior da perversidade do sistema escravocrata”, de acordo com Schwarcz. “Cosmogonia dos Símbolos” também traz dois “Relevos” de Araujo, trabalhos icônicos do artista em sua articulação da geometria construtiva que marca grande parte de sua produção.
Simões de Assis Rua Sarandi 113 A, Jardins. 01414-010 São Paulo/SP Visitação: segunda a sábado, das 10h às 19h. Sábados, das 10h às 15h. Apenas com hora marcada.
www.simoesdeassis.com