Screenings
01 September 2018 - 30 September 2018
MASP / São Paulo, Brazil
Foto: Divulgação.
Kahlil Joseph é um dos diretores de videoclipe musical mais proeminentes de sua geração, e realizou trabalhos com Beyoncé, Flying Lotus, Kendrick Lamar, entre outros. Joseph oferece novas formas de representação da população negra, investigando as relações entre a instalação, o videoclipe e o curta-metragem, como pode ser visto nas duas produções estadunidenses aqui apresentadas, uma delas com parceria brasileira.
Until the quiet comes [Até que o silêncio chegue] (2012), com a música de Flying Lotus (nome artístico de Steve Ellison), apresenta uma espécie de emblema sobre o extermínio da população negra nos Estados Unidos. Filmado em Nickerson Gardens, um conjunto habitacional localizado no bairro Watts, em Los Angeles, na primeira cena um menino aparece numa piscina vazia num dia de sol. Com um olhar desafiador, ele ergue o braço e, fazendo da mão um revólver, atira. Seu gesto é falso, porém um tiro perdido o acerta e seu sangue vermelho escuro banha a piscina. Numa outra cena, um homem aparece mortalmente ferido no chão para então subitamente ressuscitar, dançando rumo a um carro, que deixa a cena conduzido pelo próprio Flying Lotus.
The Model: chapter 2 – Oshun and the Dream [A modelo: capítulo 2 – Oxum e o sonho] (2010) foi realizado em parceria com o músico Seu Jorge. Marcelo, personagem sonâmbulo interpretado por Seu Jorge, sonha com o orixá Oxum, que é a divindade feminina das águas doces, simbolizando a beleza, a fecundidade e a vaidade, e cultuada nas religiões afro-brasileiras. Os orixás frequentemente aparecem nos sonhos, daí a estrutura onírica do filme de Joseph.
Nos anos 1960, museus e galerias de arte assumiram uma postura mais aberta em relação ao vídeo, e nos anos 1990, os videoclipes começaram a integrar exposições de arte contemporânea. A popularização da internet e a criação das plataformas de consumo musical e audiovisual nos anos 2000 trouxeram mudanças radicais no comportamento do público. O efeito dessas mudanças também chega aos museus, que começam a dar atenção especial a suas plataformas digitais e a um público crescente de visitantes hiperconectados e que requisitam cada vez mais experiências interativas e multissensoriais. No museu, o videoclipe que geralmente é visto em pequenas telas de computador ou smartphones ganha grandes dimensões e um contexto mais imersivo, propiciando uma atenção mais focada. Nesse panorama, cineastas como Joseph, que criam filmes onde a população negra não é posta como coadjuvante mas como autora e agente das suas vivências, trazem um discurso apurado, complexo e poético e reiteram o potencial político da imagem.
Kahlil Joseph tem curadoria de Horrana de Kássia Santoz, assistente de mediação e programas públicos do MASP.
MASP Av. Paulista, 1578 01310-200 São Paulo-Brasil Visitação: Terças, das 10h às 20h. Quarta a domingo, das 10h às 18h.
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