Mostra Yorùbáiano reúne, na Pinacoteca de São Paulo, 63 obras do artista baiano, incluindo instalações, fotografias, vídeos, performances e registros. Utilizando saberes da cosmovisão de matriz africana, Heráclito cria uma poética visual que afirma a proteção e regeneração do meio ambiente.
Vista da exposição “Ayrson Heráclito: Yorùbáiano” na Pinacoteca de São Paulo, São Paulo, Brasil. 2022. Foto: Levi Fanan/Pinacoteca de São Paulo
Ayrson Heráclito, Instalação da série Bori (Oferenda à Cabeça), 2008-22. Pinacoteca de São Paulo. São Paulo, Brasil. Foto: Levi Fanan/Pinacoteca de São Paulo
Ayrson Heráclito, Performance “Segredos Internos” (1994-2010). Pinacoteca de São Paulo. São Paulo, Brasil. Foto: Levi Fanan/Pinacoteca de São Paulo
Chega à Pinacoteca de São Paulo, a mostra Ayrson Heráclito: Yorùbáiano. Originalmente concebida para o MAR Museu de Arte do Rio em 2021, a versão paulistana de Yorùbáiano ocupa o quarto andar da Pinacoteca Estação e tem curadoria de Amanda Bonan, Ana Maria Maia e Marcelo Campos.
Na mostra, pode-se experimentar a força de mitologias africanas que aportaram no Brasil a partir da diáspora, do sequestro e da escravidão de diversos povos africanos, sobretudo a partir do século XIX. Na seleção de obras, o artista articula culturas diversas, abarcando os mitos yorubanos ou nagôs e jejes.
“Com a escravização de populações africanas no contexto da colonização, muitas culturas foram sequestradas das Áfricas para o Brasil e as Américas. Com isso, uma cosmogonia complexa de deidades passou a ser reverenciada, burlando todas as adversidades e re-existindo em espaços sagrados e de insurgência, como quilombo e terreiros de candomblé”, explica o artista que nos anos oitenta se iniciou na religião e teve seus primeiros contatos com esse conjunto de saberes.
Até que ponto o conhecimento pré-colonial africano pode inspirar o mundo contemporâneo a partir de uma perspectiva não-europeia? Como ações artísticas que utilizam concepção mística e/ou espiritual podem ser obras políticas que usam ferramentas singulares e inusitadas como as insígnias dos deuses pretos para travar batalhas contemporâneas de proteção da natureza no antropoceno? Essas são questões que o artista problematiza em seu conjunto de obras. Nesse sentido, ele passa a utilizar saberes da cosmovisão de matriz africana para produzir uma poética visual que afirma a proteção e regeneração do meio ambiente. “Movidos por esses saberes também pretendo agir, de forma simbólica, nas consequências devastadoras do racismo e da desigualdade social que afetam as populações pretas em todo o mundo”, finaliza o artista.
Ayrson Heráclito: Yorùbáiano Pinacoteca de São Paulo / Estação Visitação até 22 de agosto de 2022, de segunda à sábado, das 10h às 18h Largo General Osório, 66, Luz. São Paulo/SP, Brasil Entrada gratuita
pinacoteca.org.br
Ayrson Heráclito, Série “Cartas da liberdade”, 2021, bico de pena sobre cópias de carta de alforria. Foto: Levi Fanan/Pinacoteca de São Paulo
Da esquerda para a direita: Ayrson Heráclito, Bruno Maldegan, Performance “Transmutação da carne", 2015, fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310 g/m² - registro Christian Cravo. Courtesy Simões de Assis, São Paulo, SP e Curitiba, PR. Lívia Piccolo, Performance “Transmutação da carne", 2015, fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310 g/m² - registro Christian Cravo. Cortesia Simões de Assis, São Paulo, SP e Curitiba, PR. Marcação a ferro, Performance "Transmutação da carne", 2015, fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310 g/m² - registro Christian Cravo. Cortesia Simões de Assis, São Paulo, SP e Curitiba, PR. Foto: Levi Fanan/Pinacoteca de São Paulo
Ayrson Heráclito, Kiry Beuys Salvador, 1995 - 2022, aquários de vidro, carne, santinhos religiosos, fios de cobre. Cópia de exibição. Foto: Levi Fanan/Pinacoteca de São Paulo
Ayrson Heráclito, Barrueco III, 2003, vidro, água, sal, azeite de dendê e espelho de cristal, Cortesia da Portas Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro, RJ. Foto: Levi Fanan/Pinacoteca de São Paulo
Ayrson Heráclito, Osún com Abebê e Ofá. 2020. Fotografia. 122 x 122 cm. Foto: Divulgação
Ayrson Heráclito, Moqueca - O condor do Atlântico, 2002 - 2022, Bacia em alumínio, mesa, 20 acentos, pratos, colheres e fotografias, Fotografias: 30 x 40 cm cada; mesa: 120 x 85 x 80 cm); bacia: 2m Ø. Coleção do artista, Salvador, BA. Foto: Levi Fanan/Pinacoteca de São Paulo