Em guambiano, a língua do povo indígena Misak do sudoeste da Colômbia, “minga” significa trabalho coletivo na horta. Daí o nome “Minga Prácticas De-coloniales” (Minga Práticas De-coloniais), adotado pelo grupo interdisciplinar composto pelos artistas Edison Quiñones, de origem Nasa, Estefanía García, da costa caribenha, e pelos filósofos Eyder Calambás – de ascendência Misak – e Jennifer Ávila, de origem Yanakuna.
O coletivo tem trabalhado com outras comunidades da região colombiana de Cauca, com a finalidade de trocar conhecimentos ancestrais e dar forma aos sentimentos, interesses e preocupações dos povos indígenas no território. Seu trabalho decolonial é a recuperação de um “tecido coletivo”, em vez de uma obra individual, e sua abordagem à criação se afasta das lógicas tradicionais da arte e da ordem colonial ocidental. A C&AL conversou com os membros do coletivo.
C&AL: Como nasceu o Minga Práticas De-coloniais?
CMPD: O coletivo Minga Práticas De-coloniais nasceu no contexto do 16° Salão Regional de Artistas, quando Estefanía García e Edison Quiñones, artistas plásticos, foram os curadores do salão, em 2018. A ideia era decolonizar os conceitos de “salão de arte”, “trabalho” e “artista individual”. Em seguida, os filósofos Eyder Calambás e Jennifer Ávila foram integrados, a fim de complementar o coletivo em termos de reflexão teórica e narrativa. Nossa ideia tem sido, como dizem os povos indígenas: voltar ao umbigo, que é o processo de articulação com as comunidades de onde viemos.