Dê uma olhada nas bibliotecas e coleções contendo algumas publicações raras e muitas vezes esquecidas, mas que são, no entanto, muitas vezes relevantes para o discurso nos lados envolvidos na questão. Em destaque: O Acervo África, em São Paulo.
Book page of Made in Mali. Foto: Luciane Ramos-Silva
APRESENTAÇÃO
A biblioteca do Acervo África reúne uma coleção de aproximadamente 500 obras entre livros, periódicos e catálogos relacionados às artes e culturas dos contextos africanos. Trata-se de um material que dá suporte teórico para a pesquisa sobre os tecidos, indumentárias, adornos, mobiliários e outros objetos que compõem a coleção permanente da instituição, que conta também com um catálogo de 200 filmes, em sua maioria assinados por cineastas africanos.
A bibioteca do Acervo África, em São Paulo. Foto: Luciane Ramos-Silva
O espaço funciona como local para encontros, cursos e oficinas criativas mobilizadas por temáticas como: design de estampas, técnicas de tinturaria, linguagens gráficas e histórias dos objetos. Estudantes, professores e pesquisadores tem a oportunidade de ampliar horizontes sobre as estéticas africanas a partir de materiais bibliográficos raros no Brasil.
BOOKS
Capa Revista Imaginário. Foto: Luciane Ramos Silva
Revista Imaginário Núcleo Interdisciplinar do Imaginário e Memória
A obra discute a diversidade presente nas formas culturais contemporâneas cruzando conhecimentos do campo científico e das artes. Destaque para o artigo de André Jolly, que analisa a arte contemporânea do Benin através dos trabalhos de Georges Adéagbo, Romuald Hazoumé, Dominique Zinkpè, Gferard Quenum, Tchif, Aston e Edwige Aplogan.
Capa de Made in Mali. Foto: Luciane Ramos-Silva
Made in Mali
Cheick Diallo Silvana Editoriale
Nesse livro, diversos intelectuais discutem o trabalho do designer malinês Cheick Diallo, que se utiliza de materiais reciclados para elaborar móveis, objetos decorativos e funcionais. Recrutando mão de obra de artesãos locais, Diallo vale-se de técnicas tradicionais para criar conceitos contemporâneos, como a cadeira “Africa Remix”. O trabalho com artesãos também revela a preocupação do artista em incentivar o saber fazer e a economia local.
Página de Nomads of Niger. Foto: Luciane Ramos-Silva
Nomads of Niger
Carol Beckwith e Marion Van Offelen Harry N.Abrams, INC Publishers
Esta obra pioneira no registro dos modos de vida do povo Wodaabe, mescla fotografia e etnografia, propiciando informações em riqueza de detalhes sobre as relações socioculturais construídas por esse povo pastor, seus hábitos de adornos, vestuário e diversos aspectos da vida cotidiana, priorizando descrever os contextos a partir da maneira como os próprios Wodaabe designam e significam seus mundos.
Página de El Melhfa – Western Saharan Women’s Traditional Draped Fabric. Foto: Luciane Ramos Silva
El Melhfa – Drapeados Femeninos del Marruecos Sahariano
Hervé Nègre e Claire Cécile Mitatre Malika editions
Em edição bilíngue (francês/espanhol), a obra aborda os usos e origens do melhfa – hábito de vestuário feminino em sociedades da Mauritânia e Marrocos. Usado por mulheres de diversas idades nas comunidades de origem moura, o véu perpassa geografias e culturas – desde as regiões montanhosas do Atlas marroquino até as planícies do Sahel. O livro constrói um trajeto narrativo sobre o vestir , seus sentidos e poéticas.
Capa de Dyers in Bamako. Foto: Luciane Ramos-Silva
Teinturières à Bamako. Quand la coleur sort de sa réserve…
Patrícia Gérimont IBIS Press
Este livro, fartamente ilustrado, combina história e atualidade, abordando os espaços produtores de tinturaria artesanal de Bamako, discutindo suas técnicas e matérias-primas, bem como as complexas etapas necessárias para transformar um tecido de algodão em uma peça graficamente elaborada. A obra também discute a entrada de produtos importados, a substituição de corantes naturais por produtos sintéticos, assim como questões socioeconômicas e ambientais subjacentes ao tema.
Luciane Ramos Silva é antropóloga, coreógrafa e organizadora de arte comunitária.