C& América Latina: Você trabalha com tecnologia? O que lhe interessa na mídia digital?
enorê: Eu me interesso por tecnologia digital e computadores desde que era criança, em meados dos anos 1990. Naquela época, os computadores pessoais estavam começando a ficar mais acessíveis e meu tio trabalhava em um escritório onde havia alguns, então às vezes ele me deixava brincar com eles. Acho que tive uma atração imediata por computadores devido à sua forte linguagem visual: eu não precisava saber ler as palavras na tela, mas, com alguns cliques nos ícones, podia acessar o Campo Minado, ou o Microsoft Paint. E, como a tecnologia digital tem sua própria linguagem, fui me familiarizando com ela enquanto crescia. Mais tarde, quando comecei minha prática artística e decidi integrar a ela elementos digitais, eu me reconectei com todos os aspectos de que gostava tanto. Eu me interesso por como a linguagem da mídia digital existe em uma miríade de formas que se traduzem em diferentes domínios. Um arquivo pode ser um código, eletricidade ou um resultado em forma de objeto físico, como uma impressão em 2D ou 3D. E, por outro lado, objetos não-digitais podem ser traduzidos para mídias digitais.
C&AL: Como você acha que o uso da tecnologia molda as construções de identidade?
e: Não acho que a tecnologia seja um fator intrínseco a isso. A construção de identidade é um processo estratificado, não enraizado no individual, mas em um conjunto de relações entre indivíduos e comunidades. A tecnologia pode e tem facilitado isso em determinados aspectos. Ela pode tornar mais fácil para as pessoas de identidades marginalizadas encontrar comunidades entre si mesmas online, quando fazer isso fisicamente pode não ser possível ou mesmo seguro.