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Edição impressa conjunta da C& e da C&AL: Ecologias

Essa edição impressa convida organizações, artistas e ativistas de perspectivas afro e indígenas para discutir, contextualizar e refletir sobre a relação entre as estruturas neocoloniais e a crise climática em seus contextos locais.

 

As questões sobre ecologia levantadas nesta edição não seguem em linha reta. Elas andam em círculos, para frente e para trás, para cima e para baixo. Utilizamos essa metáfora geométrica porque Ecologias Negras necessitam ser abordadas sob diversos ângulos. Rosa Chávez compartilha sua conexão com através de dois poemas poderosos nos quais ela recupera símbolos K’iche‘ que mostram como corpo e alma são o mesmo que a natureza. Em Decentering the I, (Descentralizando o eu), Will Furtado observa que novas abordagens à ecologia são ainda consideradas inviáveis devido à influência predominante de uma cultura branca narcisista. A cientista da arquitetura, designer e educadora Mae-ling Lokko conversa com Edna Bonhomme sobre como as pessoas podem adaptar maneiras de realinhar o papel da ecologia na vida cotidiana ao renovar o lixo, utilizando, neste caso, materiais fúngicos. A artista Ethel Tawe relembra a poesia e a vida dos álbuns fotográficos, escolhendo um feito por seu pai para um livro de artista na série Timescapes (Perspectivas do tempo). No texto introdutório à sua obra, ela escreve que “a mudança e a transitoriedade são ilustradas atravésde temporalidades e frequências de toque”.

Uma entrevista de Lorena Vicini com Edgar Kanaykõ e um ensaio de Nathalia Lavignes sobre a prática de Abel Rodríguez destacamcomo ambos os artistas centralizam suas raízes Indígenas para explicar que a hierarquização de seus povos não pode ser concebida sem incluir árvores, animais e organismos biológicos como parte de seu campo geopolítico. No texto “Flowers on the Expressway (Flores na via expressa), V for 5 descreve sua conexão com a vida da floresta de Kakamega. Através de uma reflexão íntima, a artista relembra sua importância para a história de Nairóbi e como sua flora nativa (como a árvore mugumo) representa resistência e ancestralidade. Em tempos de crescentes tensões sociais e políticas no Haiti, Kolektif 2 Dimansyon mostra a Serine ahefa Mekoun como a fotografia pode ser imersa no país em ações coletivas que apoiam populações vulneráveis. Ama Josephine Budge opõe-se contra a internalização do uso puramente estético de corpos Negros em campanhas climáticas e defende a resistência ao colonialismo climático através de uma vasta Negritude transtemporal.

No âmbito de uma visita ao estúdio do coletivo Tiempo de Zafra, Yina Jiménez Suriel reflete sobre como seutrabalho com sobras e recortes de tecido serve para imaginar espaços de possibilidades que subvertem a dinâmica capitalista ao gerar conteúdo visual. A instalação de Sonia Elizabeth Barrett, Suspended, soft, tender, Clouds (Suspensas, suaves, macias, Nuvens, 2019), critica a noção de Negritude em estética e terminologias indevidamente utilizadas para fins ecológicos. Umaconversa entre Ann Mbuti e as artistas Imani Jacqueline Brown e Zayaan Khan levanta questões sobre viver em terra moldada por violência racial e emaranhados coloniais: como extrair algo da riqueza e do conhecimento do solo sem sermos exploradores? Como concordam, são as histórias que contamos que construíram nosso mundo.

Leia a edição aqui.

Tradução: Marie Leão.

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