C&: Gostaria de saber até que ponto a arte teve um papel crucial na sua infância.
DL: Quando cresci e enquanto ia à escola, a arte era muito importante para mim. Eu gostava de fazer coisas que não demandassem muito dinheiro e nem mesmo materiais. Quando era mais jovem, ficava desenhando e fazendo coisas de papelão, por exemplo, e de revistas velhas. Quando era criança, descobria o potencial de certos materiais. Isso foi uma experiência formativa para mim. Continuo a pensar que a ideia do que a arte é, e precisamente do que é a arte indígena, vai continuar a se revelar e se desdobrar ao longo do meu caminho.
C&: Como você acabou de descrever, esses espaços de seu eu mais jovem se sustentam em você em termos de memórias e sensações corporais. Você consegue voltar a eles como adulto hoje?
DL: Recentemente estive pensando sobre minha própria memória e sobre como, de certas formas, posso confiar em minha memória de algumas lembranças e objetos da infância. Mas questiono minha própria memória. Questiono-a a respeito de como posso me lembrar de coisas e também das subjetividades dessas lembranças e de como elas podem mudar ao longo do tempo.
C&: A respeito da reconstrução das lembranças através de histórias, músicas etc. Como você considera isso especificamente em relação à Wood Land School?
DL: No que diz respeito à ideia de reconstrução, há uma relação com o que estivemos fazendo em Montreal este ano, assim como em Kassel. A construção desses espaços demandou o envolvimento de muitas pessoas. Primeiramente de mim mesmo, Tanya e Cheyanne, e então de nossos convidados, com quem trabalhamos juntos para construir ou sugerir algum tipo de narrativa coletiva que possa funcionar nesses espaços. Isso pode ser visto como uma metodologia para a montagem de exposições indígenas.
Esta entrevista foi publicada originalmente no site ifa.de
Aïcha Diallo é uma das diretoras do programa de arte-educação KontextSchule, ligada à Universidade de Artes de Berlim (UdK).
Traduzido do inglês por Renata Ribeiro da Silva.