Em Convergências/Divergências, na Juan Carlos Maldonado Art Collection, em Miami, a arte dos indígenas Iecuana do Amazonas dialoga com a arte moderna no idioma da geometria. Tanto uns como os outros artistas expressam sua cosmologia através de linhas e ângulos retos. Contemporary And América Latina (C&AL) visitou a exposição.
Carlos Cruz-Diez, Physichormie Nº 194, 1965.
Vista da exposição Convergências/Divergências, JCMAC Miami.
El Mono Capuchino caminando y la que fue esposa de Dios saltando y Rana Khíto saltando.
Jesús Rafael Soto, Spirale Nº 13, 1965.
Remolino de diez vueltas (cesta que se mueve).
Matthias Goeritz, Mensaje dorado, 1960.
À esquerda: Mono Tití en cesta dividida. À direita: Carmen Herrera, sem título, 1948.
O percurso pela exposição Convergencias/Divergencias – Fuentes primitivas de lo moderno (Convergências/Divergências – Fontes primitivas do moderno) começa com uma linguagem figurativa. Em sua obra Constructif avec poisson ocre (1932), o uruguaio Joaquín Torres-García pintou uma cruz, um barco, um peixe… Cada objeto é um símbolo que lembra uma história: o peixe e a cruz são ícones do cristianismo, o barco recorda a chegada dos conquistadores europeus. As figuras dos cestos dos Iecuana têm o mesmo efeito. Os macacos com estrelas de Mono Tití en cesta dividida são Yarakuru, o mico que abriu a bolsa dos mensageiros do deus Wanadi e roubou a noite, escurecendo o dia.
Na segunda parte, o diálogo é abstrato e gira em torno de diferentes conceitos do universo. A ciência moderna inventou cálculos físico-matemáticos para explicar os fenômenos naturais. Na obra 10 trames 0, 8, 16, 32, 64… (1971), o francês François Morellet duplica o resultado anterior para determinar em que ângulo pintar a próxima linha branca que cruza a tela preta. Os artistas Iecuana também restringem seu processo criativo. Seus cestos devem respeitar um padrão de formas e cores, que, como se fossem mandalas, abrem o mundo desses indígenas amazônicos venezuelanos e brasileiros.
Na última sala da exposição, vemos como a arte Iecuana e a ocidental se assemelham também nos materiais. Vários artistas modernos europeus e das Américas criticaram a industrialização da sociedade criando uma arte que buscava aproximar-se da natureza, do essencial. Em Forma y relieve (1948), o uruguaio Gonzalo Fonseca utilizou varas de madeira para criar figuras que pintou de cinza e branco. Sua fonte de inspiração foram tribos como a Iecuana.
A exposição Convergencias/Divergencias – Fuentes primitivas de lo moderno está em cartaz até o dia 19 de janeiro de 2019.
Juan Carlos Maldonado Art Collection (JCMAC) Buick Building 3841 NE 2nd Ave. Suite 201 Miami, FL, 33137
Terças e sextas: das 10h às 17h Sábado: das 11h às 16h Entrada gratuita
Fotos e texto de Cristina Esguerra, jornalista colombiana especializada em cultura.