C&: Como começou o projeto Conversas em Gondwana?
Juliana Gontijo: Conversas em Gondwana começou com o deslocamento de Juliana Caffé para a Cidade do Cabo, na África do Sul, para realizar uma pesquisa de um ano na Universidade da Cidade do Cabo (UCT). Na nossa condição de curadoras independentes e mulheres, queríamos fortalecer a rede que nos conecta e também alavancar outras. Não tínhamos recursos nem respaldo institucional. Daí veio a ideia de propor correspondências virtuais entre duplas de artistas e criar uma plataforma online para abrigar suas trocas.
Juliana Caffé: Nosso desejo era aproximar as duas cenas artísticas e intensificar o fluxo de práticas e pesquisas entre artistas, curadores e pesquisadores de países do Sul Global. Desenvolvemos, então, o conceito do projeto em torno do termo Gondwana, utilizado para se referir ao supercontinente que há cerca de 200 milhões de anos reunia as massas continentais que hoje chamamos de América do Sul, África, Antártica, Austrália e Índia. O projeto evoca essa genealogia comum para fomentar a emergência de outras geografias no cenário internacional num momento global da arte contemporânea.