“A maneira como olhamos para os objetos muda, e então eles se tornam evidências”, diz Simon Rittmeier, do Coletivo Shift, sobre peças armazenadas em instituições culturais alemãs. A linguagem dos “objetos” é ofuscante: neste contexto, nada era simplesmente o que parecia – mesmo um pedaço de pano poderia ser tornado totêmico, dependendo de quem o tivesse doado e de qual mensagem ele carregava. A restituição não é apenas devolver objetos, reaprender identidades culturais, remodelar vazios, perdas, vergonha e violências. É voltar a se envolver com o que é possível.
“Para mim arte africana, sim, há arte assentada sobre tela e escultura, mas também há arte assentada no corpo das pessoas, nas coisas que as pessoas comem, nas coisas que as pessoas dançam, nas coisas que as pessoas dizem sobre si mesmas”, diz Jim Chuchu. “Um jeito como aplicamos arte ao nosso corpo e com o qual as sociedades contemporâneas perderam contato, de forma que agora olhamos para a arte como algo separado do corpo. Talvez possamos voltar a juntar arte e vida, sem separá-las em uma espécie de indústria para compras e comércio.”
Awuor Onyango é uma escritora e artista visual que vive na cidadela pagã de Nairóbi, no Quênia neocolonial. Ela aborda formas de contar histórias na tradição da arte vivida do Leste da África. Sua escrita tende para o afrossurreal, AfroSciFi e afroespeculativo, tendo sido publicada em várias revistas. Em 2017, ela foi indicada para o Prêmio Caine.
Tradução: Cláudio Andrade