Mostra em São Paulo reúne obras de 17 artistas, evocando tanto discussões políticas atuais e urgentes, quanto formas de entender o mundo que não passam pelas vias da razão.
Vista da exposição. Foto: Filipe Berndt.
Guiada por uma pesquisa em torno do uso de símbolos como ferramentas de linguagem, a exposição ‘⌾’, com curadoria de Catarina Duncan, na Galeria Leme, em São Paulo, reúne obras de 17 artistas de diversas gerações, evocando tanto questões políticas latentes, quanto as relações com o oculto e o desconhecido. Da lista de artistas fazem parte, entre outros, o poeta, dramaturgo e político Abdias do Nascimento (1914-2011). Sua obra Quilombismo (Exu e Ogum, de 1980) compreende os quilombos como uma das primeiras experiências de liberdade nas Américas, propondo uma nova organização política a partir da sobreposição de símbolos dos instrumentos dos orixás Exu (comunicação, contradição e dialética) e Ogum (inovação tecnológica e compromissos de luta).
O título da exposição ‘⌾’ é também um símbolo utilizado para identificar o Sol, que em muitas culturas é compreendido como “o indefinível”, contendo sempre algo que não pode ser explicado pelas vias da razão. A linguagem simbólica, que permeia toda a mostra, sobrepõe-se à palavra escrita como uma proposta de alternância de poder, para que novas ferramentas de luta e comunicação possam ser desenvolvidas em um mundo onde a escuta se faz cada vez mais escassa e a aproximação entre as ferramentas ancestrais e as tecnologias contemporâneas se faz cada vez mais necessária.
Artistas participantes: Abdias Nascimento, Aline Motta, Antonio Pichillá, Cabelo, Camila Mota, Cristiano Lenhardt, Dan Coopey, Frederico Filippi, Ismael David, MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin, Mariana de Matos, Moisés Patrício, Mônica Ventura, Raphael Escobar, Rodrigo Bueno, Vânia Medeiros e Vivian Caccuri.
Abdias Nascimento, Quilombismo (Exu e Ogum), 1980. Cortesia: Acervo IPEAFRO.
Mariana de Matos, VÃO [ou como discutir privilégios através de jogos de sorte e azar], 2018. Cortesia da artista.
Ismael David, Sem título, 2018.
Mônica Ventura, Incorpóreo (atalaia), 2018.
Cabelo, Ovo bomba, 2018. Cortesia do artista e da galeria A Gentil Carioca.