Exposições
20 Março 2019 - 15 Abril 2019
Cartel 011 / São Paulo, Brasil
Mônica Ventura, Still de vídeo. Foto: Divugação.
O Projeto Dúdús realiza exposição Matrix Colonial, no Cartel 011, em São Paulo, com trabalhos inéditos, baseados no conceito do afropresentismo. Trata-se de uma mostra audiovisual que aborda a tecnologia como um novo condutor de colonização e racismo e, ao mesmo tempo, uma forma de hackear tal dominação e obter espaços através da arte.
Segundo o psiquiatra e filósofo francês Frantz Fanon, o racismo e o colonialismo são modos socialmente gerados de ver o mundo e viver. Tal qual a Matrix do filme homônimo de 1999, estes fatores sociais são instituídos por métodos de liderança que são acatados como factuais, feitos por aqueles que querem o domínio das relações de poder. Assim, internaliza-se crenças a partir de seus valores simbólicos, o que conduz, por consequência, argumentos ou justificativas razas.
A partir dessa ideia, o coletivo criou essa exposição que, tanto na internet quanto no espaço físico, promove a produção negra nas artes plásticas. Com um período expositivo de três semanas, a mostra contará com nove obras de quatro artistas internacionais e cinco artistas brasileiros. Os nacionais são: Castiel Vitorino Brasileiro, Davi Pontes, Gabriel Massan, Mônica Ventura e Vitória Cribb.
Entre os internacionais, destaque para Tabita Rezaire, artista baseada em Joanesburgo e formada na Central Saint Martins em Londres, que já expôs e performou seu trabalho em museus, galerias e bienais como New e MoCADA em Nova York e Tate Modern, V&A e Bienal de Berlim na Europa. Se auto-descreve como pregadora interseccional e profissional de saúde, logo, explora em sua produção artística saúde, além de tecnologia, sexualidade e espiritualidade através das lentes da descolonização.
Também de Joanesburgo, o coletivo FAKA traz muito mais que apenas performances. Um verdadeiro movimento cultural estabelecido com os artistas Fela Gucci e Desire Marea à frente do projeto. Teve sua criação em 2015 e de lá pra cá, mudou a forma de como as pessoas enxergam a arte sul-africana atual. Com modelo criativo diferenciado e seus talentos desafiadores como artistas, os levaram a ser convidados a se apresentar em vários festivais internacionais – como a 9ª Bienal de Berlim de Arte Contemporânea, Festival de Insolação na Polônia e o Festival de Viena, entre muitos outros.
Sobre o coletivo Dúdús é plataforma digital colaborativa que reúne jovens talentos negros criada por Gabriel Hilair com objetivo de impulsionar a presença de afrodescendentes nos diálogos da arte. O projeto é formado por quatro integrantes: Gabriel Hilair, Isaac de Morais Neto, Guilherme Teixeira e Mayara Wui. Todos eles são jovens makers que não tem medo de botar a mão na massa e fazer acontecer. Juntos eles chegam hackeando espaços e cada vez mais conquistando seu lugar nas artes e na sociedade. Fala-se muito sobre uma “geração Z”, com acesso intrínseco à internet, mas a geração negra periférica e pobre não tem o mesmo acesso às redes. O projeto cria essas contra-narrativas a partir do contraste, de maneiras que sempre foram usadas pelo mundo moderno colonial e que possuem uma estrutura hegemônica.
Leia texto do curador Gabriel Hilair sobre a mostra, com comentários sobre as obras expostas, aqui.
Cartel 011 Rua Artur de Azevedo, 517. Bairro Pinheiros, São Paulo/SP Abertura: 20 de março, às 19h. Visitação: de terça a sexta-feira, das 11h às 20h; aos sábados, das 11h à meia-noite; e aos domingos, das 13h30 às 17h30.