Quem percorre os dois andares da exposição Xingu: Contatos no charmoso edifício que abriga o Instituto Moreira Salles (IMS), na Avenida Paulista, em São Paulo, depara-se com rico acervo audiovisual e documentos sobre a primeira terra indígena demarcada no Brasil, no começo da década de 1960. Entre fotos e vídeos do território e das 16 diferentes etnias que habitam o Parque do Xingu, na Amazônia, há registros de diferentes épocas feitos por brasileiros e estrangeiros que visitaram a região, mas também uma profícua produção dos próprios indígenas. O audiovisual tem sido cada vez mais usado como ferramenta para que os indígenas retratem suas histórias e culturas, e tenham voz nas narrativas sobre seus modos de vida, em vez de serem retratados apenas pelo olhar do outro.
O antropólogo e indigenista franco-brasileiro Vincent Carelli foi precursor ao criar, nos anos 1980, o projeto Vídeo nas Aldeias, com o qual ajudou a formar cineastas indígenas. O objetivo do projeto, segundo descrito no site, “foi, desde o início, apoiar as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais, por meio de recursos audiovisuais e de uma produção compartilhada”.