C& América Latina : O que é o Corredor Afro, e qual é a importância de ter esse espaço em Loíza?
Marta Moreno Vega: É algo entre o profissional e o pessoal. Meu pai e minha avó nasceram em Loíza. Ao longo da minha história, tenho trazido meus filhos para Loíza. Nasci em El Barrio, em Manhattan, Nova York, então era muito importante que meus filhos entendessem que tinham raízes aqui em Porto Rico.
Como diretora do Museo del Barrio mergulhei profundamente no aprendizado da história e das tradições, em conhecer artistas, educadores e pesquisadores e no entendimento da história de Porto Rico. Esse processo evoliu para um caso de amor com a ilha. Gosto de pensar no Corredor Afro como uma encruzilhada. A ideia é fazer a ponte para as peças do quebra-cabeça que foram distribuídas ao redor do mundo por causa da escravatura e antes dela, entendendo as realizações do nosso povo por toda parte. Veja, por exemplo, a documentação que ainda precisa ser plenamente abraçada, digamos, e que está presente no trabalho de Ivan Van Sertima They Came Before Columbus (Eles vieram antes de Colombo, 1976). Esse livro mostra que havia africanos nas Américas antes da escravatura. Precisamos trazer essas inteligências – que continuam sendo marginalizadas – para a discussão central, a estética e o vocabulário que usamos como povo africano.