“Inquietude” é uma boa palavra para definir Iagor Peres. Aos 27 anos de idade, ele já transitou por diferentes linguagens artísticas e uma das matérias-primas recorrentes em suas obras vive em mutação. Nas artes visuais desde 2016, o artista brasileiro foi um dos agraciados no ano passado pelo fundo holandês Prince Claus. Na entrevista a seguir, ele fala sobre investigações e descobertas.
C&AL: Você vem da dança?
Iagor Peres: Do teatro e da dança. Na infância eu morava no interior do estado do Rio de Janeiro e assisti a um espetáculo teatral durante um passeio da escola. Achei aquilo incrível. Acabei mudando para uma escola onde havia curso de teatro e foi ali, com uns nove anos de idade, que dei meus primeiros passos no palco. Na adolescência, quando morei em São Paulo com minha família, frequentei uma série de cursos livres e cursei o Teatro da Fundação de São Caetano. Foi aí que comecei de fato a me aproximar das artes do corpo e aprender a aprender através dele. Em 2010, aos 15 anos, voltei para o Rio de Janeiro disposto a largar o teatro, porque estava um pouco cansado do meio, e migrei para dança porque entendia que esse contato com o corpo me fazia bem, me levava, por exemplo, a perceber aspectos mais complexos das relações humanas. Três anos mais tarde fui estudar Sociologia na Universidade Federal Fluminense (UFF), curso que não conclui, e comecei a cursar informalmente várias disciplinas na área de artes com a meta de pedir transferência de curso. Mas essa ideia não se concretizou porque mudei para Recife.