Ramatu Musa, escritora estadunidense nascida em Serra Leoa, cujo trabalho enfoca cultura, atualidades e geopolítica. Vive na Suíça.
Meus destaques para 2019 foram Eu, mestiço, de Jonathas de Andrade, e Tin Man of the Twenty-First Century, de Coco Fusco – ambos vistos no setor Art Basel’s Unlimited, na Suíça. Elevada a grandes dimensões (mais de três metros de altura) e com uma expressão ridícula no rosto, a instalação de alumínio e aço de Fusco imita as estátuas de veneração amadas por líderes autoritários. Tin Man incorporou a energia absurda e não presidencial de Donald Trump, que está atualmente destruindo as normas constitucionais da República dos Estados Unidos da América. Eu, mestiço é fantástico como denúncia contra aquilo que se chama de utopia racial do Brasil. Jonathas de Andrade justapôs descrições textuais do relatório da Unesco de 1952, intitulado Raça e classe no Brasil rural, com fotografias de brasileiros nos dias de hoje encenando sua “raça” de maneira a parecer subversiva. Eu, mestiço é uma instalação poderosa, considerando a forma como Jair Bolsonaro está desmantelando o legado socialmente progressista de Lula da Silva. Ambos os trabalhos são carregados de energia política.