A representação do eu é uma narrativa que continua interessante para Marlou Fernanda e sua obra. Em sua primeira exposição individual, Old Answers New Questions (Questões antigas, respostas novas, 2022), na galeria Hama, em Amsterdã, Marlou Fernanda visa abordar o tema da transformação e do processo de encontrar seu próprio caminho de vida. Nessa exposição, ela apresenta suas pinturas em grandes e pequenas telas, nas quais utiliza tinta acrílica e a óleo, colagem e mídia mista. Suas pinturas são muitas vezes repletas de cor e elementos abstratos. Nelas, Marlou Fernanda usa frequentemente o retrato literal de um rosto, elemento essencial, familiar aos seres humanos, em combinação com figurinos e formas deformadas e pouco familiares. As pinturas refletem uma imagem caótica, porém familiar, exibindo objetos e emoções em uma realidade desconstruída, enquanto partes do corpo e formas tradicionais são desenhadas de uma maneira que parece desafiar as premissas do que é natural e inerente. A exposição apresenta um desafio à ideia de que a realidade é indefinida, permitindo, portanto, que novas respostas sejam dadas a antigas questões.
Marlou Fernanda continua a utilizar seu desenvolvimento interno como motor para seu trabalho. Com a série de Nu-Nu, ela também ilustra a ideia da autodescoberta sem os limites da vergonha, do trauma ou do orgulho, representando a complexidade da autodescoberta autêntica. Em seu trabalho, ela é capaz de representar visualmente seu envolvimento com questões importantes para as quais às vezes ela não tem respostas, mas que, ainda assim, ousa apresentar em sua obra a fim de provocar o questionamento interno de seu público.
Marlou Fernanda é uma artista visual radicada em Roterdã. Ela cria obras visuais pautadas em seu imaginário, utilizando pinturas, filmes, performances e cenografias. Marlou Fernanda almeja encontrar a si mesma em tempo real, ao expressar uma visualização autêntica e transparente de seu processo. Ela utiliza constantemente seu trabalho para abordar questões da vida e transformar seu público, ao oferecer-lhe acesso a seu universo imaginário.
Lis Camelia nasceu em Curaçau e vive atualmente em Roterdã. Como produtora cultural, ela busca utilizar todas as formas de mídia que a ajudem a contar histórias que nos conectem à cultura e ao conhecimento. Ela espera contribuir para a difusão de ideias que tornem possível a construção de comunidades mais fortes na Diáspora Africana.
Tradução: Renata da Ribeira