C&AL: Quem é Bartolina Xixa?
Maximiliano Mamani: Bartolina Xixa é minha construção transformista. Ela nasceu de querer entender processos que eu estava atravessando na minha vida, como minha reivindicação como bicha, como pessoa diversa sexual-afetivamente e de herança andina e ancestral, ligada à minha família, que vem de contextos de comunidades aborígenes. A dança é o espaço onde podemos discutir, capturar e criticar a forma como somos violentados e oprimidos através de construções que nos deixam à margem da realidade. Bartolina é uma crítica ao pensamento, à construção e à matriz colonial que define nossa realidade, é um diálogo com a minha realidade e uma forma ou método para construir uma arte ancorada, que parte de nossas próprias experiências de vida.
C&AL: Você define Bartolina Xixa como uma “drag diversa”. Pode nos explicar este termo?
MM: As construções de drags estão intimamente ligadas a construções de feminilidades ocidentais, e há um dispositivo ou um imaginário sobre a drag que começa a ser criado nas mentes, transportado sobretudo pelas plataformas virtuais ou pelos meios de comunicação. Isso não significa que todas nós aspiramos percorrer esses mesmos caminhos. Existem outras formas de fazer drags, que transitam por outros espaços e que são artesanais, muito próprios e muito nascidos de nossos interiores.