Paulo Nazareth acredita que sua prática artística com cunho social é motivada por uma sede inata de rebelião. “Às vezes não escolhemos, mas somos escolhidos”, diz. “É difícil escapar do sofrimento, da feia história e de um feio presente; assistir à brutalidade policial, ver e sentir o racismo, sentir eles te olhando e te seguindo tudo por conta da cor da sua pele e da textura do seu cabelo. Esse é o lugar de onde estou criando, usando os dons que tenho para, felizmente, mudar alguma coisa enquanto apoio outros que estão tentando fazer o mesmo.”
O trabalho do artista brasileiro é baseado no ativismo e renomado pela natureza duracional de suas performances. Em Melee, sua primeira retrospectiva nos EUA, no ICA Miami, suas investigações odisseicas estão à mostra em toda sua extensão. Seja atravessando a Underground Railroad em Louisiana; abrindo túmulos de rebeldes desaparecidos no Brasil, Argentina e Uruguai; ou traçando influências africanas pelo Quênia, Nigéria e Moçambique, compõem a jornada estritamente pessoal de Nazareth para entender a natureza opressora e exploratória da história colonial.