Pouca representatividade e diversidade racial
No ano anterior à criação da HOA, um outro projeto também com propósito de dar visibilidade à produção de artistas racializados surgia em São Paulo. Em visitas a feiras de arte e vernissages, o gestor cultural Alex Tso, filho de migrantes chineses, percebia pouca representatividade e diversidade racial.
Atento a questões do preconceito e exclusão nesses espaços e em contato com pautas dos movimentos negros e indígenas e de asiáticos progressistas, ele decidiu propor algo que contornasse a dificuldade de inserção e visibilidade.
No final de 2019, lançou uma convocatória pública para formar o elenco inaugural de uma galeria, cujo único critério era que os interessados fossem artistas racializados. Em um mês, houve 150 inscritos. Assim nasceu a Diáspora Galeria, que reúne artistas e curadores de origem asiática, negra e indígena.
“A Diáspora é integralmente atuante tendo como prerrogativa a solidariedade antirracista e o entendimento de união e luta conjunta, como forma de fortalecimento político e social para lidar com o status quo de preconceito e exclusão”, disse Tso à C&AL. Segundo ele, a ideia era pensar as dinâmicas raciais do país e os valores e ideais que promovem os corpos brancos como hegemônicos e criam divisionismo entre as outras raças minorizadas.
“Tendo em mente que era necessária uma transformação estrutural do sistema da arte e do mercado da arte, uma das premissas-base do projeto da Diáspora Galeria era fomentar uma articulação colaborativa de pessoas racializadas em toda a rede produtiva. Ou seja, não apenas o elenco de artistas serem não-branques, mas também equipe e parceiros estratégicos também terem vivências racializadas”, acrescentou.