Tendo iniciado no ano de 2005, em Buenos Aires, como uma iniciativa de intercâmbio de portfólios entre artistas cariocas e portenhos, o projeto se desenvolveu nos dez primeiros anos com o objetivo de catalogação de agentes e espaços da arte latino-americanos. Ao longo desse período, foram realizadas 17 residências que se desdobraram em uma plataforma digital, entre 2010 e 2015, com cerca de 2 mil usuários cadastrados, entre artistas, curadores, pesquisadores, espaços de arte, galerias, instituições e projetos artísticos.
O site Lastro divulgava também convocatórias, eventos, fórum de debates e ensaios críticos sobre arte e cultura contemporânea da Argentina, Colômbia, Chile, Equador, Bolívia, Paraguai, Venezuela e Cuba. Além do mapeamento online, o projeto também se constituiu em uma biblioteca com cerca de 900 títulos, entre catálogos e livros, de arte contemporânea, história da arte e sociologia, editados em países da América do Sul e Cuba.
Grupos de estudos e oficinas
Após completar sua primeira década de atuação, a plataforma passou também a conduzir projetos coletivos. As residências e exposições Lastro em Campo – percursos ancestrais e cotidianos (2015/2016) e Travessias Ocultas – Lastro Bolívia (2017/2018) foram realizadas através de dinâmicas de autogestão para a captação de recursos, logísticas de viagem e eixos conceituais de pesquisa.
Atualmente, Lastro tem se dedicado, entre outros, ao estudo dos processos anticoloniais na América Latina através de grupos de estudos e da elaboração de oficinas. O Grupo de Estudos Lastro é um coletivo de estudos e produção em arte, escrita e ativismo. Com periodicidade semanal, o grupo se reúne desde 2017, em São Paulo, partindo do interesse comum de desconstruir de narrativas hegemônicas e tendo como dinâmica de trabalho a produção de obras, exercícios político-estéticos e publicações em formato de fanzines.
As discussões e os desdobramentos são suscitados por leituras de autorxs provenientes do Sul global, análises de filmes, conteúdo da web e situações do cotidiano. Identificando-se como uma intenção de quebra do padrão, Lastro existe – e resiste – como estratégia para o coletivo, tomando a experiência como ferramenta de diálogo. Em suma, um projeto autônomo e livre em seus enlaces.
Beatriz Lemos atua como curadora e pesquisadora especializada em articulações em redes. É idealizadora da plataforma de pesquisa “Lastro – intercâmbios livres em arte”. Atualmente, coordena os programas autônomos Lastro Al Janiah (série de proposições no espaço cultural e restaurante palestino em São Paulo) e o Grupo de Estudos Lastro na Casa do Povo (SP).