A segunda edição da Bienal das Amazônias está programada para o segundo semestre de 2025 e coincidirá com a 30ª Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas (COP 30), que tem a expectativa de reunir em torno de 100 mil pessoas de 197 países, na cidade de Belém, em novembro de 2025.
Vista da exposição, térreo, Bienal das Amazônias, Belém do Pará, 2023. Foto: Danilo José Rocha
A escolha do projeto de Manuela Moscoso está alinhada aos objetivos institucionais da Bienal das Amazônias.
“Trata-se de uma importante curadora do território amazônico, interligada a uma rede internacional das artes, cujo trabalho é, também, um catalisador e uma plataforma de debates acerca de importantes temas da contemporaneidade”, afirma a idealizadora e presidente da Bienal das Amazônias, Lívia Condurú.
Segundo Lívia, a segunda edição da Bienal das Amazônias reafirma o seu papel de contraponto no cenário da arte nacional e internacional, valorizando a diversidade cultural da Amazônia e buscando descentralizar as práticas artísticas. “Embora o fazer artístico não tenha território, sabemos que os grandes centros polarizam a história dos movimentos institucionais. É uma alegria ver que essa iniciativa inovadora, emprenhada no coração da Amazônia, pensada por mulheres, ganha cada vez mais fôlego”, avalia.
Keyna Eleison, diretora de Conteúdo e Pesquisa do Centro Cultural Bienal das Amazônias, enfatiza a relevância da escolha.
“Manuela Moscoso é uma curadora internacional, com um currículo impecável. Desenvolve seu trabalho de maneira única e notável. Está à frente de uma Instituição de Arte que está fazendo diferença – CARA (Center of Arts Research and Alliances), em Nova York. Brindamos não só a possibilidade de tê-la como parceira nesta edição, mas também a certeza da Instituição de que as linhas múltiplas de construção de pensamento que se desenvolvem em territórios amazônicos devem ser celebradas e fomentadas”, afirma Keyna.
Ela explica ainda que a BdAs surgiu e se afirma com a ambição de ser uma iniciativa descentralizadora de referências e de práticas culturais valorizando a diversidade e a riqueza artística da região Amazônica, mas sem perder seu caráter cosmopolita, dialogando com instituições e artistas de todos os continentes.
“Daí a importância da presença de Manuela Moscoso, uma curadora, pesquisadora e produtora crítica, com um extenso histórico na concepção e realização de exposições inspiradoras internacionalmente. O projeto de Manuela foi definitivamente o que teve mais articulação com o que acreditamos para a Bienal das Amazônias”, reforça Keyna.
Manuela Moscoso. Foto: Divulgação
Sobre Manuela Moscoso
Manuela Moscoso é a atual diretora executiva do CARA (Centro de Pesquisa e Alianças em Arte), em Nova York. Com uma carreira notável na concepção de exposições de grande impacto internacional, sua atuação se estende por importantes centros culturais na Europa e na América Latina. Ela já atuou como curadora sênior no Museu Tamayo, no México; curadora da Bienal de Liverpool de 2021, intitulada «The Stomach and The Port»; e curadora associada da Bienal de Cuenca, em 2014, no Equador. Além disso, foi co-fundadora e colaboradora em projetos influentes como Zarigüeya Contemporáneo, em Quito, e Rivet, uma editora baseada nos Estados Unidos.
Mestre em Estudios Curatoriales pelo Center for Curatorial Studies, do Bard College, e bacharel em Belas Artes pela Central Saint Martins, em Londres, Manuela usa de sua formação acadêmica como base essencial para sua prática profissional, adotando uma abordagem colaborativa, acreditando que as produções artísticas mais significativas surgem do diálogo e das parcerias. Essa filosofia está presente em seu trabalho, no qual estabelece e mantém colaborações com uma ampla gama de parceiros, promovendo uma programação dinâmica e incentivando a diversidade na arte contemporânea.
Sua carreira é caracterizada pelo comprometimento em abordar questões urgentes da atualidade por meio da arte. Manuela engaja-se com temas como corporeidade, porosidade, parentesco e digestão, desafiando as concepções convencionais do corpo e defendendo sistemas de pensamento não ocidentais. Seus projetos curatoriais frequentemente buscam ativar conexões entre arte contemporânea e coleções históricas, evidenciando uma profunda relação entre a arte e as práticas educacionais.
Sua atuação junto ao Museu Tamayo, na Bienal de Liverpool, e sua liderança no CARA, são provas de sua visão de diversificar o setor artístico. Ao promover uma representação mais ampla e fomentar abordagens inovadoras para a pesquisa, criação, reflexão, produção e disseminação de obras e ideias, Manuela trabalha para cultivar um mundo da arte mais inclusivo e diverso. Colaborando com artistas como Neo Muyanga, Ligia Lewis, Diego Bianchi, Ines Doujak, Teresa Solar, Chimurenga, Nina Canell, Yael Davids, Trevor Paglen e Rashid Johnson, entre outros, Manuela destaca-se por sua habilidade de identificar, encomendar e desenvolver a arte, estabelecendo-se como uma curadora centrada em práticas, ao invés de objetos, e uma figura chave na arte contemporânea.
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