Exposiciones
17 octubre 2020 - 17 enero 2021
Fundação Iberê Camargo / Porto Alegre, Brasil
Pardo é papel, Maxwell Andrade. Foto: Gabi Carrera.
A Fundação Iberê Camargo abriu no dia 17 de outubro a exposição Pardo é Papel, do artista carioca Maxwell Alexandre. A mostra – promovida pelo Instituto Inclusartiz, de Frances Reynolds – foi inaugurada, no MAR (Rio de Janeiro), onde recebeu mais de 60 mil visitantes. Aos 29 anos, Maxwell retrata em sua obra uma poética que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir da vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside.
O início de ‘Pardo é Papel’ remete a maio de 2017, quando o artista pintou alguns autorretratos em folhas de papel pardo perdidas no ateliê. Nesse processo, além da sedução estética potente, ele percebeu o ato político e conceitual que está articulando ao pintar corpos negros sobre papel pardo, uma vez que a “cor” parda foi usada durante muito tempo para velar a negritude.
“O desígnio pardo encontrado nas certidões de nascimento, em currículos e carteiras de identidades de negros do passado, foi necessário para o processo de redenção, em outras palavras, de clareamento da nossa raça. Porém, nos dias de hoje, com a internet, os debates e tomada de consciência e reivindicações das minorias, os negros passaram a exercer sua voz, a se entender e se orgulhar como negro, assumindo seu nariz, seu cabelo, e construindo sua autoestima por enaltecimento do que é, de si mesmo. Este fenômeno é tão forte e relevante, que o conceito de pardo hoje ganhou uma sonoridade pejorativa dentro dos coletivos negros. Dizer a um negro que ele é moreno ou pardo pode ser um grande problema, afinal, Pardo é Papel”, ressalta Maxwell.
Fundação Iberê Camargo Av. Padre Cacique, 2000 Porto Alegre/RS Visitação sob agendamento, de sexta a domingo, das 14h às 18h.
iberecamargo.org.br