Em 7 de dezembro de 2015, o canal de televisão alemão ZDF transmitiu pela primeira vez um documentário intitulado Die Indianer kommen (“Os índios vêm”). O documentário discorre sobre a polêmica surgida quando uma comitiva do povo Kogui de Sierra Nevada, no norte da Colômbia, viajou para Berlim com a intenção de recuperar duas máscaras sagradas pertencentes à comunidade deles e que há 100 anos tinham sido retidas no Museu Etnológico de Dahlem, em Berlim.
A solicitação de restituição se deu por ocasião da mudança da coleção etnográfica para um novo espaço, o Fórum Humboldt, que abrirá em breve no centro da cidade. Este é um dos projetos culturais recentes mais ambiciosos e mais caros na Alemanha, com um orçamento de 644 milhões de euros. Sua sede foi construída a partir de uma reprodução do antigo Palácio da Cidade, pertencente à dinastia dos Hohenzollern. Até 1918 os Hohenzollern foram uma das famílias governantes mais importantes da Alemanha, ligada à repartição da África pelos europeus e, por conseguinte, símbolo do colonialismo alemão. O Fórum Humboldt abrigará as coleções do Museu de Arte Asiática e do Museu Etnológico de Dahlem. A coleção de Dahlem, como a de tantos outros museus ocidentais, se configura a partir de coleções privadas do século 19 criadas a partir do espólio e saque de territórios sob influência colonial.
Desde a visita dos indígenas Kogui a Dahlem, muitas vozes têm criticado os planos de abertura do Fórum Humboldt e exigido uma decolonização do museu que inclua a restituição de muitas de suas peças. Em 2017 a francesa Bénédicte Savoy, historiadora da arte, abandonou o conselho assessor do museu. Savoy criticava uma falta de revisão crítica por parte do Fórum Humboldt, sob o diretor Neil MacGregor, ex-diretor do também polêmico British Museum em Londres.