Desde então, os convites para mostrar seu trabalho fora do Brasil se tornaram frequentes. O mais recente é a participação no pavilhão de Gana, na Bienal de Veneza, onde apresenta a instalação Um Congresso do Sal (2022). Em 2020, pouco antes do início da pandemia, ele também fez uma residência na SAVY Contemporary, em Berlim, Alemanha, junto com a artista Laís Machado, sua companheira e com quem também atua em parceria na Plataforma ÀRÀKÁ. “Ainda acho que falta um entendimento maior nas artes visuais sobre as especificidades do trabalho dos artistas do corpo, que se dá a partir das relações e das trocas,” comenta Araúja. “Mas vejo uma boa abertura”.
O interesse pela escrita e pela linguagem é outra característica de sua trajetória. Esse era também um forte diferencial de QUASEILHAS, inteiramente cantada em oríkì’s – literatura oral de origem yorùbá, traduzida do texto de Diego escrito em português. Foi depois dessa experiência que ele começou a desenvolver o projeto Laboratório Internacional de Crioulo, em parceria com Laís Machado. Inspirado em outros projetos de artes performáticas em que uma linguagem é desenvolvida em grupo a partir de experimentos corporais, sua ideia era realizar uma série de encontros com pessoas de países afro-diaspóricos para criar uma língua “não nascida do trauma,” resultado da violência colonial. O corpo é a ferramenta principal na criação desse novo idioma, que se originaria a partir de ações performáticas. “Teria um tempo de investigação performática que depois poderia ser usado em produções artísticas, com a intenção de substituir o trauma pela poética”, explica.