Mostra no MAM Rio apresenta obras da coleção modernista do Museu em diálogo com cerâmicas indígenas e trabalhos de artistas contemporâneos.
Vista da exposição Nakoada, no MAM Rio. Foto: Fábio Souza/MAM Rio
MAHKU. Kapewẽ Pukenibu, 2022. acrílica sobre tela. Obra comissionada. Foto: Fábio Souza/MAM Rio
Djanira, Fazenda de chá no Itacolomi, 1958. óleo sobre tela. Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio. Foto: Fábio Souza/MAM Rio
Com curadoria de Denilson Baniwa e Beatriz Lemos, a exposição Nakoada: estratégias para a arte moderna busca discutir o centenário da Semana de 22, propondo pontos de partida alternativos para refletir sobre o que poderia ser uma produção artística que se engaja com alguns dos ideais modernos, mas escapa de suas armadilhas. Para isso, são apresentadas obras modernistas das coleções do MAM Rio, cerâmicas do acervo do Museu do Índio e trabalhos comissionados de Cinthia Marcelle, Mahku (Movimento dos Artistas Huni Kuin), Novíssimo Edgar e Zahy Guajajara, além de um trabalho de Jaider Esbell (1979-2021).
O conceito que orienta a curadoria da exposição é o de “Nakoada”, uma estratégia de guerra do povo Baniwa da região do Alto Rio Negro para elaborar novas possibilidades de permanência no mundo. “Nakoada é um gesto de retorno. Seria o momento em que as pessoas que foram alvos de ações externas entendem o poder opressor do outro e agora procuram uma possibilidade de retornar à sua própria autonomia”, explica Denilson Baniwa.
Na exposição, a silhueta de uma cobra serpenteia o Salão Monumental do MAM Rio. “A expografia toma a forma de uma serpente cósmica que não tem começo nem fim. Essa simbologia é recorrente na cosmovisão baniwa e em diversas culturas ocidentais e orientais, do norte e do sul”, observa Denilson Baniwa. “Ela digere a nossa história e carrega, dentro de seu bojo, esse tempo expandido desde antes da colonização.”
Nakoada: estratégias para a arte moderna Visitação até 29 de janeiro de 2023
MAM Rio Av. Infante Dom Henrique, 85. Aterro do Flamengo. Rio de Janeiro/RJ, Brasil
www.mam.rio
Bonecas Karajá. Acervo Museu do Índio. Foto: Fábio Souza/MAM Rio
Vista - obras de Jaider Esbell (Pata Ewa'n - o coração do mundo, 2016. acrílica sobre tela. obra empréstimo) e Tarsila do Amaral (Urutu, 1928. óleo sobre tela. Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio) Foto: Fábio Souza/MAM Rio
Candido Portinari, Paisagem de Brodowski, 1940. óleo sobre tela. Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio. Foto: Fábio Souza/MAM Rio
Vista da exposição com obras de MAHKU e Novíssimo Edgar (Sobre os vínculos invisíveis, 2022, instalação, obra comissionada). Foto: Fábio Souza/MAM Rio
Heitor dos Prazeres. Mulata, 1959. óleo sobre aglomerado. Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio. Foto: Fábio Souza/MAM Rio
A exposição nos provoca a pensar, a olhar de novo as obras e artistas que pensamos que conhecemos. Rearticulando essas narrativas e linguagens, e apresentando-as em outras configurações em conexão com criações indígenas e com obras de arte contemporânea, Nakoada as expande e as ativa como ferramentas para outras histórias e outras construções. Pablo Lafuente, co-diretor artístico do MAM Rio
Vista da exposição com obras de Cinthia Marcelle (Meditação da ferida ou escola das facas [versão Nakoada], 2022, madeira, dobradiça, isopor, veludo, obra comissionada) e Maria Martins (O impossível, década de 1940, bronze). Foto: Fábio Souza/MAM Rio