Confirmada para o período de 3 de agosto a 5 de novembro de 2023, a Bienal das Amazônias se prepara para ocupar espaços não institucionalizados de arte na capital paraense.
Retrato curadoras da Bienal das Amazônias, da esquerda para a direita: Vânia Leal, Sandra Benites e Keyna Eleison. Foto: Divulgação
Entre 29 de junho e 26 de agosto, será lançada em Belém, capital do Pará, a Instituição Bienal das Amazônias, que vem sendo gestada há quase uma década, foi adiada em razão da pandemia e, neste ano, finalmente se institucionaliza, tendo à frente a produtora cultural paraense Lívia Conduru. A própria instituição realizará a primeira Bienal das Amazônias de agosto a novembro de 2023.
A Bienal das Amazônias tem como objetivo fortalecer e dinamizar, a médio e longo prazo, as metodologias amazônicas no que tange a produção simbólica e artística, propiciando o intercâmbio entre criadores e espectadores de todos os nove países e nove Estados que compõem a região, bem como as demais regiões do mundo, em especial o sul global. A escolha do termo Amazônias chama a atenção para a multiplicidade de realidades vividas nos Estados e países que compõem a Amazônia Legal.
Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa que compõem a Amazônia Internacional além de Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão que formam a Amazônia Legal tem uma unidade, considerando as características comuns do bioma formado pela floresta, pela fauna e pelos rios que compõem a paisagem geográfica; mas cada território tem múltiplas formas de viver, pluralidade que a Bienal quer mostrar.
A curadoria da Bienal está formada por um coletivo de mulheres que se apresenta como “Sapukai”, palavra derivada da língua Tupi que é traduzida em português para canto, clamor, grito. A Sapukai pretende aproximar o corpo curatorial do debate sobre questões comuns, impostas às Amazônias, às mulheres, aos indígenas e negros. A pauta inclui questões como o prazer, alegria, desejo, cobiça, violência e invisibilização históricas. As curadoras irão selecionar, principalmente, obras e trabalhos de artistas dos países da Panamazônia e dos Estados da Amazônia Legal que comporão as mostras.
Corpo curatorial Sapukai Sandra Benites – é educadora, pesquisadora e curadora, radicada no Rio de Janeiro (RJ) e pertencente ao povo Guarani Nhandewa. Ela é doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi curadora adjunta do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), sendo a primeira curadora indígena contratada por uma instituição de arte no Brasil. Seus projetos curatoriais mais recentes incluem Dja Guata Porã: Indigenous, no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) e Sawé, no SESC Ipiranga, Rio de Janeiro. Atualmente é supervisora de programação e exposição no Museu das Culturas Indígenas de São Paulo.
Keyna Eleison – é curadora, escritora, pesquisadora, herdeira Griot e xamãnica, narradora, cantora, cronista ancestral e radicada no Rio de Janeiro (RJ). É Mestre em História da Arte e especialista em História da Arte e da Arquitetura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi diretora Artística do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), com Pablo Lafuente. Ela fez recentemente a curadoria da 10a Bienal internacional de Arte SIART (2018), na Bolívia, assim como a coedição da publicação da Bienal de Liverpool 2020/2021. Ela é cronista da revista C& América Latina, e professora do Programa Gratuito de Ensino da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Integra a Comissão da Herança Africana para laureamento da região do Cais do Valongo como Patrimônio Mundial (UNESCO).
Vânia Leal – é curadora e arte historiadora radicada em Belém (PA). É Mestre em Comunicação, Linguagem e Cultura, curadora Educacional do Arte Pará. Os recentes projetos curatoriais incluem a exposição Afetos Múltiplos, da Fundação Cultural do Estado do Pará (2021). Participou do júri de diversos prêmios e da organização de eventos artísticos como o Salão de Arte Contemporânea SESC Amapá, Salão de Pequenos Formatos da Universidade da Amazônia (UNAMA), além de diversas edições do Rumos Itaú Cultural de Artes Visuais.