Depois de fazer exposições pelo mundo, de Jerusalém a Sydney, Oscar Murillo volta em 2021 a Bogotá espalhando, recolhendo, empilhando e pendurando metros e metros de suas telas untadas de tinta a óleo negro marfim. Em caixotes, por se tratar de encomendas transatlânticas, essas camadas têxteis suturadas envolvem uma massa espessa com a qual o artista conserva a genética de sua produção e distribui novamente seu jogo de sitio específico.
Os tecidos negros voltam para harmonizar a atmosfera arruinada do Museu de Arte da Universidade Nacional, em Bogotá, suprindo o inventário que tem colecionado Oscar Murillo ao longo dos últimos oito anos e inclui os “cozidos” de argila e milho, os años viejos e camisetas recheadas, os sacos com impressões de serigrafia, os bancos rachados de igrejas europeias, os metais e os vídeos. Agrupados agora na exposição Condiciones aún por titular (Condições ainda por serem intituladas) com curadoria de María Belén Sáez de Ibarra – instalação que começou a ser concebida no mesmo museu de Bogotá em 2015 – por peso, convertidos em uma espécie de divisa ou moeda de troca, esses pacotes de tela e pigmento tornam possível o farejar das rotas da empresa conceitual com que o artista desembarcou nos grandes portos, casas comerciais, instituições culturais e edifícios aduaneiros (como em Manhattan, durante a Performa 15).