Ana Lira com participação de Danilo Seagá e Nina Hiro, localizador QBAFECCQLF, site specific para "Agora Somos Todxs Negrxs?" Videobrasil, 2017.
A artista Ana Lira cursou seis anos de Engenharia até perceber que suas inquietações não encontrariam respostas nas ciências exatas. Depois de migrar para o jornalismo, descobriu a fotografia como força de expressão e passou a desenvolver um trabalho que investiga relações de poder e dinâmicas de comunicação. A troca das pranchetas pelas lentes foi acertada. A pernambucana de 40 anos, nascida em Caruaru, cidade do agreste do estado, e moradora da capital Recife, é hoje um nome consolidado da arte contemporânea brasileira. Com fortes referências políticas, o trabalho dela já foi muito exposto e premiado.
A 31a Bienal de São Paulo abrigou em 2014 o trabalho Voto!. Iniciado em 2012 e em constante construção, Voto! é um registro das ¨sobras¨ de campanhas eleitorais. Após a disputa pela prefeitura do Recife, naquele ano, a artista começou a documentar o que restou de pôsteres e panfletos pela cidade e como a ação do tempo e a população interagia e modificava as mídias àquela altura ultrapassadas e desprovidas de seu sentido inicial.
Obra em progresso, como outras da artista, Voto! levou à instalação Não-Dito, reconhecida com o prêmio de Arte Contemporânea da Funarte, em 2015. Algumas obras de Ana Lira são Sobre um surgir insurgente, Saia Livre, 111 Cale-se, nãobrigado e #ocuppe, entre outras. Nas palavras da própria artista, uma característica marcante de seus trabalhos é a produção de experiências e articulação coletiva. Imagens, publicações, intervenções urbanas e experiências de intercâmbio são articuladas para costurar experiências sensíveis e debates por meio das coletividades.