Gaby Messina começou sua carreira profissional na área de publicidade. Seu interesse pela fotografia surgiu quase casualmente, quando seus pais lhe deram sua primeira câmera. Inicialmente, o retrato lhe permitia canalizar as relações que estabelecia com as pessoas de seu entorno. Como afro-argentina, Messina explora atualmente sua própria posição no mundo através de seu trabalho artístico em vídeo.
C&AL: Em sua carreira como artista visual, há um momento em que você começa a tratar temas de afrodescendência na Argentina. A que se deve essa virada?
Gaby Messina: Creio que o ponto de inflexão na minha obra se deve à necessidade que tenho de deixar de contar a história dos outros e começar a contar a minha. Isso começou com meus projetos Fe (Fé) e Maestros. El Bosque y El árbol (Mestres. O bosque e a árvore). Meu pai foi assassinado de maneira violenta quando eu tinha vinte anos. Fe (2011) me deu a oportunidade de expressar a frustração que senti com sua morte, sobre a qual não tinha conseguido falar durante muitos anos. Me permitiu falar da desesperança que sentia em relação à tradição cristã em que eu tinha sido educada, e também em relação ao sistema sociopolítico que desanimou minha mãe a denunciar a morte do meu pai.
Em Maestros (2016) entrevistei 112 artistas argentinos que tinham produzido obras durante a ditadura na Argentina. Todos eram pessoas idosas e, logo depois de os entrevistar, alguns morreram. Isso foi uma chamada de atenção sobre mim mesma, minha identidade, minhas raízes, quem sou e por que sofri tanto na minha infância, por me sentir diferente. Em ambos os projetos comecei a usar o símbolo da árvore como metáfora das raízes, identidade e a busca pela essência pessoal.
O projeto Margarita (2017) foi o primeiro sobre a afrodescendência e sua invisibilidade na Argentina. No documentário experimental Yo, Afro (Eu, afro) (desde 2017) mergulho em uma investigação mais analítica, trabalhando junto com a cientista política Ana Paula Penchaszadeh.