C& América Latina: A Guatemala é um país cujos governantes, mesmo que se considerem ocidentais, às vezes tentam proibir a bandeira LGBTQIA+. Como o fato de ter vivido na Guatemala influencia sua prática atual?
Martin Wannam: Não apenas quiseram proibir a bandeira, como também queriam afetar fortemente os coletivos minoritários por meio de iniciativas legais. Na Guatemala, temos pessoas como Sandra Torres, que quer governar e vive dizendo que a oposição é composta de puros “huecos” – “ocos”. Para mim, isso deixa mais do que claro que continuamos sendo um grupo atacado em múltiplos meios com diversos tipos de violência física e verbal. Para não ir muito longe, no Dia do Orgulho na Guatemala, vimos como pessoas foram violentadas fisicamente pelo direito de ser Huecos. Passei minha vida toda na Guatemala – migrei quando tinha mais ou menos 25 anos e agora tenho 31 – e diria que minha estética, meus gostos, minha forma de agir a partir de minha exploração da materialidade, e minha forma de criar estão baseadas nas ruas por onde andei, nos ambientes onde cresci e nas experiências que vivi e ainda vivo na Guatemala.