Tendo como conceito central a ideia de “Estalo”, a exposição tem abertura marcada para 27 de março de 2025 e se espalhará por 18 diferentes instituições em Porto Alegre.
biarritzzz. Foto: Divulgação
A Fundação Bienal do Mercosul divulgou a lista de artistas e espaços culturais que receberão a mostra no próximo ano.
O conceito curatorial da exposição, que gira em torno da ideia de “Estalo”, tem como principal objetivo lidar com a noção de transformação. Em um estalar de dedos e em um breve fragmento do tempo, nossos corpos e a natureza, por exemplo, passam por transformações de diversas magnitudes. Das metamorfoses que surgem silenciosamente em nossos organismos aos movimentos bruscos e ruidosos – viver é sinônimo de nunca estarmos em um lugar estável e seguro. Durante 66 dias, a mostra se espalhará pela cidade, reunindo obras de 76 artistas de diversas regiões do mundo, apostando nos intercâmbios entre os diferentes contextos sociais e linguagens artísticas como uma forma de se aproximar da multiplicidade das experiências entre arte e vida.
Ao longo de dois anos de trabalho, a equipe artística liderada pelo curador-chefe Raphael Fonseca, além dos curadores adjuntos Tiago Sant’Ana e Yina Jimenez Suriel, e da curadora assistente Fernanda Medeiros, desenhou um programa de exposições e atividades que trazem para a cidade de Porto Alegre uma grande diversidade de obras, interesses e visões de mundo sugeridas pelos artistas reunidos. São projetos artísticos que refletem seus contextos geográficos e culturais em um campo que vai do interesse pela abstração a projetos mais documentais. É esse zigue-zague de diferentes pesquisas artísticas que interessa essa edição da Bienal.
A 14ª Bienal do Mercosul propõe atingir uma quantidade maior e mais diversa de público – investindo numa aproximação da arte tanto com a audiência local quanto global. Esse dado também fica evidente na lista de artistas, que tem uma presença considerável de representantes da América Latina e Ásia. Dos 76 artistas que integram a mostra, cerca de 65% são de artistas internacionais e grande parte dos trabalhos é comissionado.
Além de estar presente em instituições já constantes na história da Bienal como o Farol Santander, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul e a Usina do Gasômetro, esta edição se caracteriza por estar presente em outras regiões da cidade como nos bairros da Lomba do Pinheiro e Restinga, em unidades do Estação Cidadania, além de estarem também, pela primeira vez, na Cinemateca Capitólio, no Pop Center, no Museu do Hip Hop e na Fundação Vera Chaves Barcellos, em Viamão. Acredita-se que, desta forma, o evento se amplia e forma um novo público na região da Grande Porto Alegre.
Raphael Fonseca reitera a vocação da Bienal em estabelecer conexões com diferentes geografias: “Porto Alegre e o estado do Rio Grande do Sul são espaços multiculturais com muitas camadas de complexidade cultural e histórica. Nada mais justo que uma edição da Bienal do Mercosul também possa, dentro dos limites de qualquer grande evento dedicado às artes visuais, espelhar essa diversidade e contribuir com um maior conhecimento de tão interessantes artistas por um público amplo”, afirma o curador-chefe.
Bonikta, Kurumins do rio, 2021. Foto: Divulgação
Educativo, Programas Públicos e Publicações
Além de sua dimensão expositiva, a Bienal do Mercosul se destaca por sua curadoria educativa, que visa aproximar a mostra principal de públicos diversos. O programa educativo se desdobrará em atividades como seminário, rodas de conversas, cursos de capacitação de professores e mediadores, e na produção de material pedagógico que incluirá textos e imagens de educadores-pesquisadores. Com isso, a Bienal se propõe a ser um espaço não apenas de fruição estética, mas também de formação e trocas significativas. A curadoria educativa, assinada por Andréa Hygino e Michele Zgiet, se baseia em conceitos como a roda e o giro enquanto práticas de constituição comunitária. Essas estratégias formam a espinha dorsal de um projeto que estabelece a Bienal como um tempo-espaço de aprendizagem e reflexão, irradiando saberes no campo da arteducação enquanto expande uma experiência de arte mais aprofundada e acessível para todos os públicos.
Também uma novidade na 14ª Bienal do Mercosul, é a curadoria dos Programas Públicos, assinada por Anna Mattos e Marina Feldens. Será realizada uma série de atividades que ativarão diferentes centros culturais, museus e espaços públicos da cidade de Porto Alegre, através de palestras, eventos, exibições de filmes, festas, saídas de campo, oficinas e muito mais. O objetivo dos Programas Públicos da Bienal é fazer com que a mostra reverbere além das exposições, propondo um constante “estado de bienal”, cuja sua construção acontece através da experiência dos públicos.
Além dessas atividades, a 14ª Bienal do Mercosul organiza duas publicações concebidas a partir de uma perspectiva transversal à proposta curatorial. A primeira delas será lançada na abertura da exposição e tem como objetivo trazer para a conversa reflexões que se relacionam com as abordagens conceituais da 14ª Bienal, dando especial atenção às discussões sobre o sistema perceptivo da espécie humana. Ela será composta por ensaios e textos literários encomendados a autores como o escritor gaúcho José Falero, a neurocientista Andrea Gomez, o cientista da computação Iordanis Kerenidis, o escritor Karim Kattan e a artista e DJ Hannah Katherine Jones. O segundo, a ser lançado no final da Bienal, é o catálogo. Concebido como um ensaio visual, esta publicação será não apenas a memória do projeto expositivo, programa educacional e programas públicos, mas também um registro da evolução das discussões que acompanharam sua concepção. As publicações são gratuitas. Ambas estarão disponíveis também em formato digital no site da Bienal Mercosul.
A identidade visual desta edição foi elaborada pelo Estúdio Margem, sediado em São Paulo. Recorrendo a cores presentes nos espectros da refração da luz e utilizando de mistura de fontes de diferentes períodos da história da tipografia, o Estúdio propõe uma imersão em cores vibrantes e saturadas que conferem um frescor à marca da bienal. Enquanto isso, o pensamento arquitetônico e projeto expográfico da Bienal são assinados por Juliana Godoy, que dá prosseguimento ao seu interesse em sugerir uma unidade espacial e narrativa visual mesmo com um projeto dessa envergadura que lida com espaços tão diferentes entre si.
Cartaz da Bienal do Mercosul. Foto: Divulagação
Em um estalar de dedos e em um breve fragmento do tempo, nossos corpos e a natureza, por exemplo, passam por transformações de diversas magnitudes.
Espaços onde a 14ª Bienal do Mercosul será realizada
Cinemateca Capitólio Casa de Cultura Mário Quintana Espaço Força e Luz Estação Cidadania Lomba do Pinheiro Estação Cidadania Restinga Farol Santander Fundação Ecarta Fundação Iberê Camargo Fundação Vera Chaves Barcellos Goethe-Institut Porto Alegre Instituto Ling Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul – MAC-RS Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS Museu do Hip Hop Museu do Trabalho Pop Center Usina do Gasômetro Vila Flores
Lista de artistas da 14ª Bienal do Mercosul (todos os artistas com asteriscos apresentarão trabalhos comissionados)
Ad Minoliti (Argentina, 1980)* Alanis Obomsawin (Abenaki/Canadá, 1932) Ali Eyal (Iraque, 1994)* Amol K. Patil (Índia, 1987)* Awilda Sterling-Duprey (Porto Rico, 1947)* Berenice Olmedo (México, 1987)* biarritzzz (Brasil, 1994)* Bonikta (Brasil, 1996)* Chico Machado (Brasil, 1964)* Christine Sun Kim (Estados Unidos, 1980)* Claudia Alarcón (Wichi/Argentina, 1989)* Claudio Goulart (Brasil, 1954-2005) Cornelius Cardew (Inglaterra, 1936-1981) Damián Ayma Zepita (Aymara/Bolívia, 1921-1999) Darks Miranda (Brasil, 1985)* Diedrick Brackens (Estados Unidos, 1989) Djalma do Alegrete (Brasil, 1931-1994) Eduardo Montelli (Brasil, 1989)* Emilija Škarnulytė (Lituânia, 1987) Erick Peres (Brasil, 1994)* Farah Al Qasimi (Emirados Árabes Unidos, 1991) Fátima Rodrigo (Peru, 1987)* Felipe Rezende (Brasil, 1994)* Felipe Veeck (Brasil, 1996)* Firas Shehadeh (Palestina, 1988)* Freddy Mamani (Aymara/Bolívia, 1971)* Froiid (Brasil, 1986)* Fyerool Darma (Singapura, 1987)* Heitor dos Prazeres (Brasil, 1898-1966) Gabriel Chaile (Argentina, 1985)* Gretchen Bender (Estados Unidos, 1951-2004) Iberê Camargo (Brasil, 1914-1994) Ismael Monticelli (Brasil, 1987)* Jacolby Satterwhite (Estados Unidos, 1986) José Ballivián (Bolívia, 1975)* Julia Isídrez (Paraguai, 1967)* Kira Xonorika (Guarani/Paraguai, 1995)* Laryssa Machada (Brasil, 1993) Letícia Lopes (Brasil, 1988)* Li Yi-Fan (Taiwan, 1989) Li Yong Xiang (China, 1991)* Lorenzo Beust (Brasil, 1997)* Marcus Deusdedit (Brasil, 1997)* Marina Rheingantz (Brasil, 1983) Mauro Fuke (Brasil, 1961)* Maya Weishof (Brasil, 1993)* Minia Biabiany (Guadalupe, 1988)* Nam June Paik (Coréia do Sul, 1932-2006) Natasha Tontey (Indonésia, 1989) Nereyda López (Cocama/Tikuna/Peru, 1965) New Red Order (Ojibway e Tlingit/Estados Unidos, 2016) Nicole L’Huillier (Chile, 1988)* Nikita Gale (Estados Unidos, 1983) Ogwa (Ishir/Paraguai, 1937-2008) Özgür Kar (Turquia, 1992) Paul Mpagi Sepuya (Estados Unidos, 1982) Randolpho Lamonier (Brasil, 1988)* Retratistas do Morro/Afonso Pimenta (Brasil, 1954)* Rochelle Costi (Brasil, 1961-2022) Rodrigo Cass (Brasil, 1983)* Samson Young (Hong Kong, 1979) Sandra Vásquez de La Horra (Chile, 1967)* Santiago Yahuarcani (Cocama/Uitoto/Peru, 1960) Sara Modiano (Colômbia, 1951-2010) Taiki Sakpisit (Tailândia, 1975) Tang Han (China, 1989)* Tirzo Martha (Curaçao, 1965)* Ulises Beisso (Uruguai, 1958-1996) Urmeer (México, 1991)* Valerie Brathwaite (Trinidad & Tobago, 1940)* Venuca Evanán (Peru, 1987)* Vitória Cribb (Brasil, 1996)* William Gutiérrez Peñaloza (Colômbia, 1959)* Wiki Pirela (Venezuela, 1992)* Yunchul Kim (Coréia do Sul, 1970) Zé Carlos Garcia (Brasil, 1973)*
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