Ao ler a declaração curatorial da exposição TECHNO, um certo slogan de campanha ressoou incessantemente na minha cabeça. “Façam o Techno Negro de Novo” é um projeto representado por DeForrest Brown Jr. para combater o fato de que muitas pessoas desconhecem as raízes da cultura techno em uma tradição musical negra, bem como seus laços com as experiências negras em sistemas de trabalho industrializados – devido à sua mercantilização e a seu branqueamento. A exposição, que pode ser vista no MUSEION | Arte Moderna e Contemporânea de Bolzano, na Itália, tipifica essa ignorância.
Por que uma exposição que pretende examinar a condição humana contemporânea e a ordem social através das lentes da música techno desconecta o gênero de seus criadores negros e da cidade de Detroit, onde o gênero se originou na década de 1980? O diretor do museu e curador da exposição, Bart van der Heide, diz que prefere uma perspectiva “global” sobre o techno a partir de meados da década de 1990. Isso implica que a negritude do techno e seu caráter global excluem uns aos outros, o que simplesmente não procede. Como explicado por Jenn Nkiru, o techno pode ser considerado um “poder africano transposto”. E como Arthur Jafa aponta com frequência, as músicas pop e negra – incluindo não apenas o techno, mas uma grande diversidade de estilos musicais – eram formas culturais dominantes do século 20.