The World's Game – O jogo mundial

Futebol e arte contemporânea

O futebol é mais do que somente um jogo. Diversos artistas contemporâneos observam com precisão os lados ocultos dessa paixão global. A curadora e autora Aldeide Delgado aborda o tema para Contemporary And (C&) América Latina.

Taryn Simon expõe uma fotografia de grande formato centrada no arranjo floral que decorou a mesa de negociação da FIFA, quando da decisão de proibir que terceiros se apropriem dos direitos econômicos dos jogadores de futebol. A relação com a esfera política também é percebida nos trabalhos de Gustavo Artigas, Lyle Ashton Harris, Jamilah Sabur, Jaime Luriano, Melanie Smith e Rafael Ortega, Penny Siopis e Paulo Nazareth. No caso deste último, suas serigrafias da série Produtos de genocídio (2015-2016) mostra os logotipos de equipes de futebol que têm o nome de etnias indígenas quase extintas, como os Guarani e os Tupi.

O vídeo de Jaime Lauriano, Morte súbita (2014), examina os legados da violência da ditadura militar brasileira (1964-1985) mediante o contraste entre rostos cobertos pela camiseta da vitória brasileira no Mundial de 1970 e uma voz em off que recita os nomes dos dissidentes desaparecidos ou assassinados durante o mesmo ano.

Satch Hoyt aborda as histórias culturais relacionadas com a Diáspora africana. Em particular, a obra Kick That (2006) refere-se às bananas lançadas aos jogadores negros por seus opositores e espectadores europeus, através da apresentação de uma bola de futebol sobre um suporte de bananas de bronze. Outra perspectiva é oferecida por Adler Guerrier, para quem o futebol representa uma grande oportunidade de união das Diásporas africana e caribenha para além das fronteiras nacionais.

The World´s Game: Futebol e arte contemporânea reúne cerca de 50 trabalhos de mais de 30 artistas que abarcam vídeo, fotografia, escultura, pintura e instalações. A exposição destaca-se principalmente por dois elementos: o primeiro consiste na ânsia de problematização do esporte mediante o reflexo de conflitos associados – para citar apenas alguns exemplos – como a violência, o nacionalismo, a religião, o machismo, a identidade e a globalização. E o segundo pelo alcance geográfico representado na mostra mediante a inclusão de artistas provenientes de vários países como Argentina, Gana, Itália, México, Brasil, Costa Rica, Guatemala, Equador, Bolívia, Haiti, Jamaica, Estados Unidos, entre outros. Dentre eles vale destacar Alexandre Arrechea, George Afedzi Hughes, Bhakti Baxter, Chris Beas, Miguel Calderón, Darío Escobar, Generic Art Solutions, Roberto Guerrero, Robin Rhode, Quisqueya Henríquez, Antoni Muntadas, Nelson Leirner, Hank Willis Thomas, Sinuhé Vega Negrin, Igor Vidor, Paul Pfeiffer e Wendy White.

The World´s Game: Futebol e arte contemporânea, Pérez Art Museum Miami (PAMM), de 13 de abril a 2 de setembro.

http://pamm.org/futbol

Aldeide Delgado é historiadora e curadora independente. Foi premiada com a Bolsa de Pesquisa e Produção de Texto Crítico 2017, concedida por Teor/ética. Seus interesses incluem gênero, identidade racial, fotografia e abstração nas artes visuais. Foi oradora no California Institute of Arts, Centro Cultural Espanhol Miami, Universidade de Havana, Casa das Américas, Biblioteca Nacional de Cuba e 12ª Bienal de Havana. Estudou História da Arte na Universidade de Havana (2011-2016). Seus artigos foram publicados em Art OnCuba, Cuban Art News,Terremoto e Artishock. É colaboradora de Artishock em Miami.

Traduzido do espanhol por Nathália Dothling Reis.

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